Ser filho de Umbanda não é só se vestir de branco, entrar em um
terreiro, cantar meia dúzia de pontos, deixar a entidade incorporar, prestar
consultas e pronto. Trabalho feito “Vou para casa deitar e dormir tranquilo
porque pratiquei a caridade e fui exemplo para meus irmãos”.
Ser filho de Umbanda é se doar pelo terreiro que te abrigou e se
doar mais ainda pelas entidades com as quais você trabalha. Afinal, você não os
escolheu, eles te escolheram. Seguir seus dogmas e suas crenças. Mas não
acreditar piamente em tudo.
Ser filho de Umbanda é ser questionador. É saber o por que das
coisas, o como, o por onde e como fazer melhor. É estudar, pois “religião não
se discute, se estuda e se pratica”. É ter paixão por estudar, por conhecer a
fundo a religião que ama e professa no dia a dia.
Ser filho de Umbanda é ser família. UMBANDA! Sim, pois ser
umbandista é fazer parte de uma família. É ser abraçado por pessoas com os
mesmos ideais que o seu e que por uma questão, talvez karmica, estão na mesma
casa que você.
Ser filho de Umbanda é ser fiel aos princípios ensinados pelas
entidades, pelos irmãos, pais ou mães de santo. É ser umbandista 24 horas por
dia, sete dias por semana. E não apenas uma vez por semana durantes as giras.
Ser filho de Umbanda é fazer da caridade um objetivo de vida, e
não praticá-la para não ser castigado ou então para não parecer feio perante a
sociedade. A caridade tem que vir do fundo do coração. Tem que ser um desejo
incontrolável de ver o próximo bem. Com alimento, saúde, esperança e, o
principal, amor. Pois caridade que é caridade é movida pelo amor ao próximo.
Ser filho de Umbanda é ser humilde. Abaixar a cabeça quando alguém
grita e dar a outra face quando alguém te bate. Mas deve-se também lembrar que
ser humilde, não é se deixar ser humilhado. Levantar a voz em defesa do irmão,
do mais fraco, dos discriminados. É usar a voz não para humilhar, mas para
elevar quem precisa.
Ser filho de Umbanda é ser amor. Amor com o amigo, com a família e
com o conhecido. Mas é acima de tudo ser amor pelo inimigo, pelo desconhecido.
É rezar por quem não gosta de você e pedir sempre a Deus por aquela pessoa em
suas orações.
Ser filho de Umbanda é igualdade. Tratar todas pessoas como igual,
independente de sua roupa, de sua carteira ou de sua aparência. É saber
respeitar as diferenças que nos fazem tão iguais perante Deus. Pois Deus é
plural. É uno e plural. É um para todos. É um no coração de cada um.
Ser filho de Umbanda é fé. Fé nos Orixás, manifestações do amor de
Deus nas nossas vidas, fé nas entidades que trabalham com você e que te amparam
na hora de dificuldade. É ter fé me você mesmo. É acreditar. Pois quem faz com
amor, não faz errado. O errado vira certo.
Ser filho de Umbanda é trabalho. Responsabilidade. Compromisso.
Quando você se torna filho de uma casa, assume um compromisso com ela e com a
sua banda de trabalhar. Trabalhar pelo bem, pela evolução do próximo e pela
sua.
Ser filho de Umbanda é ser filho de DEUS. É se sentir amado a cada
dia de sua vida por alguém que você não pode ver, mas que você sente e que está
sempre lá olhando por você e torcendo por sua alegria.
Ser filho de Umbanda é ser humano. Amar, errar, viver, aprender,
trabalhar, lutar, acreditar, praticar.
Ser filho de Umbanda é ser sempre. E “apenas” ser.
Matheus Zanon Figueira
Centro Espiritualista Caboclo Pery – Niterói – RJ
Jornal Correio da Umbanda – Julho 2006
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