Caboclos

Preleção 23/05/2017 - 
por Maria Rosselli

            São geralmente espíritos de civilizações primitivas, tais como índios: Íncas, Maias, Astecas e afins.   Foram espíritos de terras recém formadas e descobertas, eles formaram sociedades (tribos e aldeias), com perfeita organização estrutural, tudo era fabricados por eles, desde o cultivo de alimentos até a moradia.
            Como foram primitivos conhecem bem tudo que vem da terra, assim caboclos são os melhores guias para ensinar a importância das ervas e dos alimentos vindos da terra, além de sua utilização.
            Assim como os Preto-velhos, possuem grande elevação espiritual, e trabalham "incorporados" a seus médiuns na Umbanda, dando passes e consultas, em busca de sua elevação espiritual.
            São subordinados aos Orixás, o que lhes concede uma força mestra na sua personalidade e forma de trabalho, igual aos Preto-velhos.
            Quando falamos na personalidade de um caboclo ou de qualquer outro guia, estamos nos referindo a sua forma de trabalho.
            Costumam usar durante as giras, penachos e fumam charutos.  Falam de forma rústica lembrando sua forma primitiva de ser, dessa forma mostram através de suas danças muita beleza, própria dessa linha.
            Seus "brados", que fazem parte de uma linguagem comum entre eles, representam quase uma "senha" entre eles.  Cumprimentos e despedidas são feitas usando esses sons.
            Costumamos dizer que as diferenças entre eles estão nos lugares que eles dizem pertencer.  Dando como origem ou habitat natural, assim podemos ter:
            Caboclos da mata - Esses viveram mais próximos da civilização ou tiveram contato com elas.
            Caboclos da mata virgem - Esses viveram mais interiorizado nas matas, sem nenhum contato com outros povos.
            Assim vários caboclos se acoplam dentro dessa divisão.
            Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes para compreendermos porque alguns falam mais explicados que outros.  Mais ainda existe as particularidades de cada um, que permitem diferenciarmos um dos outros.
            A primeira é a "especialidade" de cada um, são elas: curandeiros, rezadeiros, guerreiros, os que cultivavam a terra (agricultores), parteiras, entre outros.
            A segunda é diferença criada pela "força da natureza" que os rege. É o Orixá para quem eles trabalham.
            Para nós da Umbanda, é importantíssimo saber que a "personalidade" de um caboclo se dá pela junção de sua "origem", "especialidade" e "força da natureza" que o rege.
            E é nessa "personalidade" que centramos nossos estudos.  Assim como os Preto-velhos, eles podem dar passe, consulta e correntes de energização ou participarem de descarrego, contudo sua prática da caridade se dá principalmente com a manipulação.
            Quando falamos em manipulação, estamos nos referindo desde preparo de remédios feitos com ervas, emplastos, compressas e banhos em geral até manipulação física, como por rezar "espinhela caída".
            Esses guias por conhecerem bem a terra, acreditam muito no valor terapêutico das ervas e de tudo que vem da terra, por isso as usam mais que qualquer outro guia. Desenvolveram com isso um conhecimento químico muito grande para fazer remédios naturais.
            Como são espíritos da mata propriamente dita, todos recebem forte influência de Oxossi, no sentido apenas do conhecimento químico das ervas, independente do Orixá que trabalhe.
            São espíritos que também trabalham muito com passe.  Acreditamos ser pela facilidade de locomoção, já que normalmente trabalham em pé.
            São também bastante necessários na hora de um descarrego, pois conseguem acoplar no médium em qualquer posição.
           
Formas incorporativas e especialidade de caboclos:
           
            CABOCLOS DE OXUM
            Geralmente são suaves e costumam rodar, a incorporação acontece primeiro ou quase simultâneo no coração (interno).
            Trabalham mais para ajuda de doenças psíquicas, como: depressão, desanimo entre outras.  Dão bastante passe tanto de dispersão quanto de energização.
            Aconselham muito, tendem a dar consultas que façam pensar;  Seus passes quase sempre são de alívio emocional.

            CABOCLOS DE OGUM
            Sua incorporação é mais rápida e mais compactada ao chão, não rodam.Consultas diretas, geralmente gostam de trabalhos de ajuda profissional. Seus passes são na maioria das vezes para doar força física, para dar ânimo.

              CABOCLOS DE YEMANJÁ
            Incorporam de forma suave, porém mais rápidos do que os de Oxum, rodam muito, chegando a deixar o médium tonto.Trabalham geralmente para desmanchar trabalhos, com passes, limpeza espiritual, conduzindo essa energia para o mar.

            CABOCLOS DE XANGÔ
            São guias de incorporações rápidas e contidas, geralmente arriando o médium no chão.Trabalham para : emprego; causas na justiça; imóvel e realização profissional.
            Dão também muito passe de dispersão.  São diretos para falar.

            CABOCLOS DE NANÃ
            Assim como os Preto-velhos são mais raros, mas geralmente trabalham aconselhando, mostrando o carma e como ter resignação.
            Dão passes onde levam eguns que estão próximos. Sua incorporação igualmente é contida, pouco dançam.

            CABOCLOS DE INHASÃ
            São rápidos e deslocam  muito o médium.
            São diretos para falar e rápidos também, muitas das vezes pegam a pessoa de surpresa.
            Geralmente trabalham para empregos e assuntos de prosperidade, pois Inhasã tem grande ligação com Xangô.  No entanto sua maior função é o passe de dispersão (descarrego).
            Podem ainda trabalhar para várias finalidades, dependendo da necessidade.

            CABOCLOS DE OXALÁ
            Quase não trabalham dando consultas, geralmente dão passe de energização.São "compactados" para incorporar e  se mantém localizado em um ponto do terreiro sem deslocar-se muito.

            CABOCLOS DE OXÓSSI
            São os que mais se locomovem, são rápidos e dançam muito.Trabalham com banhos e defumadores, não possuem trabalhos definidos, podem trabalhar para diversas finalidades.Esses caboclos geralmente são chefes de linha.

            CABOCLOS DE OBALUAÊ
            São raros, pois são espíritos dos antigos "bruxos" das tribos indígenas. São perigosos, por isso só filhos de Omulú de primeira coroa possuem esses caboclos.
            Sua incorporação parece um Preto-velho, locomovem-se apoiados em cajados. Movimentam-se pouco. Fazem trabalhos de magia, para vários fins.



Todos os Caboclos são regidos por um Mistério Maior que pertence ao Trono do Conhecimento (Regência do Orixá Oxóssi). 
  
Mas cada Caboclo (ou Cabocla) vem na Irradiação de um ou mais Orixás, pois eles próprios são “filhos” de determinado Orixá e perante outros Orixás foram iniciados para trabalharem em Seus Mistérios (exemplos: Caboclo Pena Branca: de Óxóssi e Oxalá; Caboclo Pena Dourada: de Oxóssi e Oxum; Cabocla do Mar: de Yemanjá; Caboclo Sete Montanhas: de Oxalá e Xangô).
  
Os Caboclos são espíritos muito esclarecidos e caridosos, assim como os Pretos-Velhos. Tiveram encarnações como cientistas, sábios, magos, professores etc. Alguns, em determinada encarnação, foram mesmo nativos (chamados de indígenas, aqui no Brasil). Enfim, no decorrer de encarnações, elevaram-se e vêm na Umbanda para auxiliar aos irmãos enfermos da alma e do corpo. Muitos são escolhidos pela Espiritualidade para serem os Guias-Chefes dos Terreiros ou então de seus médiuns.
  
Na linguagem comum, a palavra “caboclo” designa o homem nativo, mestiço de branco com indígena. Mas na Umbanda o significado é outro. Os espíritos que se apresentam na Umbanda como Caboclos assumem a forma plasmada de "índios" em homenagem aos povos nativos do Brasil e de outras regiões do globo, que nutriam uma forte relação de amor e de respeito à Natureza e muito contribuíram com seus conhecimentos e valores morais e culturais para a formação da nossa Pátria. Nem todo Caboclo foi, necessariamente, um indígena.
  
RUBENS SARACENI explica que, há séculos, houve um momento em que os Regentes Planetários idealizaram uma estrutura de Trabalho Espiritual que reuniria espíritos desencarnados originários das mais diferentes religiões e culturas do planeta, arregimentados a partir de determinado grau espiritual, ético, moral e de conhecimentos. Formaram-se grupos por afinidades (de valores culturais, morais, especialidades, etc.), porém todos voltados a um único propósito: ajudarem-se mutuamente na tarefa de auxílio à evolução de encarnados e desencarnados em geral. Com isto, também aceleravam as próprias evoluções, pois estavam realizando algo inédito: até então, os desencarnados se agrupavam no Astral conforme suas origens aqui na Terra, e ajudavam apenas aos “da sua gente”. Agora, a Espiritualidade punha em prática um verdadeiro Universalismo, reunindo num trabalho comum representantes de todas as religiões e crenças antigas, muitas já desaparecidas da face do planeta. Com o tempo, levas e levas de espíritos que desencarnavam puderam filiar-se àqueles grupos. Então, os Regentes Planetários idealizaram uma religião que atuasse no plano Terra, por meio desses espíritos de índole universalista. O local escolhido foi o Brasil, país que estava destinado a receber povos de todas as origens e crenças. A religião idealizada foi a Umbanda, que mais tarde o Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas trouxe ao plano material, manifestado no médium Zélio Fernandino de Moraes. Criaram-se as Linhas de Trabalho  por especialidades de atuação; sendo que as primeiras homenageavam os povos formadores da nossa cultura: nativos (Caboclos) e africanos (Pretos-Velhos).
  
Portanto, os espíritos que atuam na Umbanda como Caboclos têm origens culturais e religiosas diversas, e nem todos foram indígenas (assim como nem todo Preto-Velho foi um Negro escravizado). O que lhes dá “a patente” de Caboclo é o seu grau de elevação perante as Leis do Criador. São espíritos que habitam da 4ª Faixa Vibratória Positiva e que trazem no íntimo um profundo senso de Fraternidade e Irmandade para com toda a Criação Divina.

Dentro da Linha de Caboclos há, portanto, espíritos com diferentes graus de elevação. Fato que explica toda uma hierarquia, onde encontramos: ●aqueles que deram nome às Falanges e que NÃO incorporam (habitam na 7ª e 6ª Faixas de Luz, onde já não têm um corpo plasmado, são apenas Luz); ●outros, vindos da 4ª e 5ª Esferas Positivas, e de diferentes graus, que se integram nas Falanges (e Sub-falanges etc.) e se manifestam entre nós.
  Existem Falanges de doutrinadores, de guerreiros, de “feiticeiros” (isto é, que atuam mais fortemente na quebra de magias negativas), de curadores, de justiceiros etc.

Grandes doutrinadores e disciplinadores, são muito atuantes na orientação de sessões de desenvolvimento mediúnico, uma vez que os Guias Espirituais agem principalmente sobre o mental do médium, que está relacionado ao Chakra Frontal, regido por Pai Oxóssi, justamente o Regente do Mistério Caboclo.

Seus assobios e brados  assemelham-se a mantras. Cada Caboclo emite um som, de acordo com o trabalho que vai realizar, criando condições que facilitem a incorporação e liberando bloqueios energéticos dos médiuns e consulentes. Os assobios traduzem sons básicos das Forças da Natureza, dão um impulso no campo magnético (corpo espiritual) do médium para direcioná-lo corretamente, liberando-o de cargas negativas, larvas e miasmas astrais. Nos consulentes, produzem igual efeito.
Os Caboclos incorporados também costumam estalar os dedos, bater no peito e estender o braço na direção do Altar. Tudo isto tem um significado magístico-religioso:

●Estalar dos dedos- Nossas mãos têm vários terminais nervosos que se comunicam com os sete chakras principais e com os chakras menores do nosso corpo. O estalar dos dedos se dá sobre o Monte de Vênus (a parte gordinha da palma da mão) e reequilibra a rotação e a frequência de todos os chakras, que voltam a funcionar plenamente. O equilíbrio vibracional gera a consequente descarga de energias desequilibradas (“negativas”). Ao estalar os dedos, o Caboclo provoca essas reações no campo magnético do médium ou, conforme o caso descarrega o campo do consulente. Ao estalar os dedos da mão esquerda, ele absorve negatividades e faz uma limpeza energética; e quando estala os da mão direita, ele irradia cargas altamente positivas e reenergiza, acalma, cura etc.

●Bater no peito- Com isso, o Caboclo ativa o chakra Cardíaco do médium e equilibra suas emoções, possibilitando uma sintonia mais apurada com o medianeiro e a efetivação de um bom trabalho espiritual.

●Estender os braços (ou um braço) para o Altar- Com esse gesto, o Caboclo lança uma “flecha energética” que ativa os Poderes e Forças assentados e firmados no Terreiro, conforme a necessidade do trabalho espiritual a realizar.

Esses procedimentos criam um grande centro de Forças que facilita o amparo aos consulentes, ao próprio Terreiro e a toda a corrente mediúnica.

Alguns Caboclos, quando se despedem do Terreiro, dizem que vão “para Aruanda”, ou “para a cidade da Jurema”. Outros falam que vão “subir para o Humaitá”, e assim por diante. São referências às colônias astrais que existem ligadas ao planeta Terra, onde eles habitam, conforme o respectivo grau de evolução. E muitas vezes os Caboclos responsáveis por Terreiros levam para essas colônias os dirigentes e demais integrantes da corrente mediúnica (durante o desdobramento normal dos seus espíritos que acontece durante o sono físico), a fim de participarem de trabalhos de auxílio a encarnados e desencarnados, para estudarem e ou receberem. Um trabalho espiritual de Umbanda não termina no Terreiro, ele prossegue no Astral. Por isso, é importante que os médiuns sigam as orientações dos Guias Espirituais sobre os preceitos para antes e depois das Giras (manter pensamentos e sentimentos elevados e uma vida diária equilibrada, inclusive no campo sexual; abster-se, ao menos por 24 horas antes e depois do trabalho espiritual,  do uso de bebida alcoólica, fumo e de qualquer substância nociva, mantendo uma alimentação isenta de alimentos de origem animal, porque são de difícil digestão; etc.).

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