TEMPLO ESPIRITUALISTA DO CRUZEIRO DA LUZ
CASA DA MÃE SANTISSIMA
AS FACES
DA ESPIRITUALIDADE
A aurora despontava
no horizonte quando Hélio teve o sono interrompido pelo despertador.
Necessitava ser breve a fim de não se atrasar em mais um dia de trabalho, como
arquiteto de uma conceituada empresa da construção civil. Tinha como um de seus
melhores amigos, com quem inclusive alternava carona para o labor, Bartolomeu,
administrador de empresas e umbandista há mais de 25 anos.Hélio, como espírita
kardecista ferrenho, não se conformava com a opção religiosa do amigo.
No trajeto para o centro
da cidade, sempre que podia, exortava-o a deixar de lado uma religião de
práticas e ritos, onde manifestavam- se espíritos atrasados, e a ingressar no
espiritismo. Bartolomeu, calmo, retrucava, dizendo-se satisfeito onde estava.
Sorrindo ante as tentativas de conversão, dizia a Hélio que um dia lhe seria
mostrado quão equivocado estava. As horas passavam, e com elas mais um dia de
expediente.Hélio já encontrava-se no térreo do edifício onde trabalhava, quando
Bartolomeu parou de carro, buzinando. No caminho para casa os dois amigos
conversaram sobre vários assuntos. A certa altura do diálogo Bartolomeu propôs
ao amigo uma visita ao Templo de Umbanda que freqüentava, a fim de verificar
pessoalmente o trabalho que lá se realizava. Hélio, como em outras ocasiões,
repeliu o convite, dizendo que em nada iria lhe acrescentar, ir a um lugar pelo
qual nenhuma afinidade nutria. Bartolomeu, detectando a intransigência do
arquiteto, lançou-lhe uma proposta na qual se comprometia a visitar também o
Centro Espírita de que Hélio fazia parte. Este (Hélio), ao ouvir tal proposta,
vislumbrou a oportunidade que faltava para levar o amigo para o Kardecismo.
Acordo feito, dia
seguinte, após o trabalho, rumavam para o Núcleo Umbandista, cuja sede
localizava-se na zona norte da cidade. Ao chegarem, a sessão já havia começado.
Postaram-se no espaço destinado aos assistentes e aguardaram a hora dos passes
e consultas. Hélio, totalmente alheio ao que acontecia no recinto e tendo
pressa em retirar-se daquele local, de súbito, foi convidado a receber um passe
com o Caboclo chefe dos trabalhos. Melindrado em recusar o convite, dirigiu-se
à Entidade Espiritual. Frente a frente com o Caboclo, Hélio sentiu seu corpo
vibrar intensamente, como se alguma energia positiva o envolvesse. Sem
conversa, o espírito pôs-se a ministrar o passe em Hélio, que impassível,
observava o comportamento da individualidade espiritual. Ato seguinte, o
Caboclo passou a transmitir a Hélio votos de confiança, saúde e sabedoria
espiritual, e que para sempre mudaria sua maneira de pensar. Tomado pela
curiosidade, o kardecista indagou ao espírito sobre o que se tratava e quando
iria ocorrer. Disse-lhe o Caboclo então que a paciência é virtude a ser
exercitada e que não se preocupasse com o evento vindouro.
Encerrado os trabalhos,
rumaram para casa. No caminho, Bartolomeu perguntou ao amigo a impressão que
causara a Instituição Umbandista, instante em que Hélio disse-lhe o
que sucedera, quando em contato com o espírito. O administrador sorriu. As
semanas passam e chega o momento de Hélio, enfim, convidar Bartolomeu para uma
visita a Casa Espírita. Haveria uma sessão específica de psicografia, sendo uma
ótima oportunidade para Bartolomeu presenciar a manifestação dos espíritos
superiores daquela instituição. Às 20:00H de uma quarta-feira lá estava os dois
adentrando no Centro Espírita em questão.
Tomaram assento e
esperavam o início dos trabalhos. Bartolomeu colocou-se em estado de profunda
meditação, enquanto Hélio, satisfeito com a presença do amigo, solicitava a
Espiritualidade que ajudasse trazer Bartolomeu para aquele espaço de
caridade.Após as preces iniciais, o diretor dos trabalhos solicitou aos
espíritos ali presentes a utilizarem-se dos medianeiros dispostos à mesa para
as comunicações que se fizessem necessárias.Ato contínuo, o próprio dirigente
da sessão, mediunizado, começou a transcrever mensagens do mentor espiritual da
casa, Irmão Luiz. Ao final do texto irmão Luiz pediu que a mensagem fosse lida
publicamente. Outros médiuns intermediaram escritos espirituais, e assim, a
atividade psicográfica deu-se por encerrada. Antes das preces finais, o diretor
material, atendendo a ordem do mentor espiritual da casa, passou a ler a mensagem,
que dizia:
"Louvado seja Deus.
Louvado seja Jesus de Nazaré. Louvado sejam todos os irmãos encarnados e
desencarnados da seara do bem. Que a infinita bondade do Criador possa
cobri-los com paz, amor e elevação espiritual. Amigos, irmãos em Cristo, esta é
uma noite de extrema felicidade para a Espiritualidade. Constatamos mudanças
significativas de pensamentos e ações de muitos aqui presentes.Nós, espíritos
do Senhor, irmanados numa corrente inquebrantável de fé, amor, solidariedade e
simplicidade, estamos vibrado intensamente por toda a humanidade a fim de que a
mesma possa ter consciência de seu papel como espíritos que são, e a
importância dos saberes divinos.Em cada recanto da cidade, do país e do
planeta, trabalhamos diariamente para humanizar corações, clarear consciências,
depurar vícios e semear a fraternidade, palavra que anda pela boca de muitos,
mas que poucos põem em prática.Ao contrário daqueles que insistem em conceituar
os espíritos conforme a linha religiosa que atuam, na Pátria Espiritual somos
um só corpo, aglutinados e alicerçados em bases e diretrizes de Deus. Onde quer
que haja possibilidade de trabalho edificante, lá estamos, amparando,
orientando e estimulando outros irmãos a evoluírem, pouco importando o segmento
religioso a laborar. Neste momento de grande comunhão espiritual, rogo ao Pai
Celestial que, consoante o merecimento e fé dos aqui presentes, possam seus
pedidos serem atendidos e receberem o bálsamo confortador. Faço agora um pedido
especial a um antigo e querido amigo desta Instituição.Ao seareiro Hélio, fiel
seguidor do espiritismo, rogo reavaliar seus conceitos a cerca do mundo
espiritual. Sim, irmão Hélio, sou aquela mesma individualidade espiritual que
atende pelo nome de Caboclo "B" na Casa de Caridade Umbandista , tão pouco
valorizada por você quando lá esteve.O que testemunhas neste momento
amantíssimo Hélio é o fato inequívoco de nosso trabalho, sem preconceitos,
discriminações ou fronteiras. É a luz de Deus espargindo seus feixes de
caridade nos quatro cantos do planeta. Deixando a todos vibrações positivas,
despeço-me agora".Irmão Luiz/Caboclo "B"
Terminada a leitura da
mensagem, Bartolomeu virou-se em direção a Hélio, àquela altura completamente
atônito com o que acabava de ouvir. Então, pensava, aquele simples espírito que
trabalhava num Templo de Umbanda era também o mentor espiritual de uma Casa
Espírita que freqüentava. Seus conceitos, frágeis e falhos, se desmoronavam.
Iniciava-se em Hélio um profundo e depurador processo de consciência
espiritual.
Ao observar Hélio,
lacrimejante e em momento de profundo arrependimento, Bartolomeu, num gesto
carinhoso, deu-lhe um longo abraço para confortá-lo. Após recompor-se
emocionalmente Hélio pediu desculpas ao amigo pelo menosprezo direcionado a
Umbanda.Bartolomeu, proferindo palavras animadoras ao amigo, disse-lhe
fraternalmente:"Irmão Hélio, o que acabamos de presenciar se traduz nas
várias FACES DA ESPIRITUALIDADE !!!"
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