Quem são e de onde vem nossos Guias



Por Alexandre Cumino

Parece uma pergunta banal. Muitos responderiam que são “espíritos do astral”, no entanto, há muitas outras questões subentendidas como: nossos Guias têm uma ligação mais forte conosco ou com a religião? Nossos Guias trabalham para resgatar dívidas, ou por amor? Eles nos acompanham apenas se somos médiuns de Umbanda? Eles já estavam na Umbanda antes de nos tornarmos umbandistas? Desde quando eles nos acompanham?
Estes são apenas alguns dos questionamentos que temos, sem contar os de quem não incorpora e também questiona se tem ou não tem Guias espirituais de Umbanda.
Poderíamos começar esta resposta com uma outra pergunta: Quem somos nós e de onde viemos?
Somos espíritos reencarnantes, viemos do astral e, lá onde estávamos antes de encarnar, já tínhamos uma família espiritual, como um grupo de afinidade que caminha junto durante milênios. A cada vez em que alguém encarna, o grupo procura acompanhar seu estágio no mundo material. Da mesma forma quando um parente vai morar no exterior e sua família quer saber como ele está, se tem alguma dificuldade e o que pode ser feito para ajudar.
Assim, nossos Guias espirituais são nossa família, nossa família espiritual eterna, muitas vezes com laços mais fortes que nossa família carnal. Nossos guias mais próximos são aqueles que têm a autorização de nos acompanhar, independente de qual religião ou filosofia estamos seguindo. Estão juntos de nós por amor. Evoluir e ascender é uma consequência.
O tempo do lado astral é diferente do tempo no mundo material. Aqui tudo é mais lento, pois tempo e espaço estão relacionados à matéria densa. No mundo astral, quanto mais distante e desapegado do mundo material, mais leve e sutil, o que torna o período de uma encarnação (para nós muito longo) algo curto. Alguns de nossos Guias nos acompanham diuturnamente. Sempre há quem esteja próximo de nós e, entre suas responsabilidades, está ajudar a fazer valer nossa encarnação.
Muitos de nós, que trabalhamos mediunicamente, antes de encarnar está- vamos no astral, trabalhando juntos destes mesmos Guias que nos assistem. E assim como hoje eles nos acompanham, um dia vamos voltar para Aruanda e, quem sabe, teremos a oportunidade de acompanhar a encarnação de alguns deles.
Desta forma temos nas entidades mais próximas verdadeiros parentes do mundo espiritual, que nos amam tanto quanto nossos pais e filhos carnais. Além destas entidades afins e mais próximas, temos também outras entidades que se juntam a nós quando assumimos uma missão mediúnica aqui na terra. O que quer dizer que quando realizamos um bom trabalho na Umbanda, com compromisso e responsabilidade, muitos outros espíritos Guias se somam para realizar um bom trabalho mediúnico.
Logo estabelecemos um parâmetro. Alguns Guias espirituais nos acompanham desde sempre e antes de encarnar, outros passam a nos acompanhar por assumir também uma missão junto a nossa na Umbanda.
No dia a dia da religião, podemos verificar que é possível a qualquer médium trabalhar com todas as linhas de Guias, como Caboclo, Preto-Velho, Criança, Baiano, Boiadeiro, Marinheiro, Cigano, Exu, Pombagira e até Linhas mais desconhecidas, como Piratas, Cangaceiros, Mestres de Jurema e outros.
Para tanto, basta participar de um trabalho mediúnico em que estas Linhas lhe são apresentadas mediunicamente e ritualisticamente, e logo um espírito afim assume o trabalho junto ao médium. Esta é uma das atividades realizadas em alguns dos grupos de preparação sacerdotal. Há ainda outras questões.
No espiritismo, trabalha-se apenas com espíritos humanos. Na Umbanda, trabalhamos também com seres da natureza, como encantados dos diversos reinos, e com seres de dimensões paralelas, aos quais chamamos de seres naturais. Estes últimos se manifestam na força dos Orixás e se identificam como Orixás naturais incorporantes, não falam, apenas se manifestam para trazer axé. Quanto aos encantados, muitos se manifestam nas linhas de criança. Temos ainda seres de realidades totalmente distintas da nossa e de energia muito diferente, como os Exus mirim e Pombagiras mirim.
Estas foram apenas algumas Linhas para ajudar a compreender de uma forma simples quem são nossos Guias. E finalizando, apenas uma observação: usamos o termo “nosso” não no sentido de posse e, sim, de serem parte de nossas relações como “nossos” pais, filhos e amigos.
Publicado no JUS – Ed - 141 - Fevereiro de 2012

Oxalá em mim saúda Oxalá em você!
Alexandre Cumino


A importância da educação mediúnica:

Mitos e Preconceitos
por Rubens Saraceni
(livremente editado por Laura Carreta).
“Desenvolver a mediunidade não significa dar algo a quem não está habilitado para recebê-lo, mas sim, em habilitar alguém a assumir conscientemente o Dom com o qual foi ungido. Ao contrário do que apregoam, mediunidade não é punição, e sim benção divina, concedida ao espírito no momento em que encarna.” 
A educação mediúnica é de suma importância para quem realiza práticas magísticas ou religiosas de fundo espiritual, espiritualista ou espiritualizador. Para colocar o médium em sintonia com o mundo invisível, cria-se toda uma pré-disposição às manifestações espirituais e aos rituais magísticos.
A educação mediúnica é muito importante, pois só se reeducando internamente um médium alcança níveis vibratórios mentais e conscienciais que lhe facultam os níveis espirituais superiores a sintonização mental com seu mestre individual a neutralização de possíveis vícios antagônicos (fumo e álcool, utilizados nos trabalhos) com as práticas religiosas e a compreensão ou percepção do que está acontecendo à sua volta, mas que não está visível, assim como do que está acontecendo dentro de seu campo mediúnico.
É comum dizer-se que quem desenvolve sua mediunidade torna-se mais capaz do que aquele que não a desenvolve. Isto é uma verdade somente se aquele que se desenvolveu mediunicamente também compreendeu os compromissos que assumiu.
Portanto, quando o assunto é mediunidade, todo cuidado é pouco. É preciso uma forte dose de humildade e compreensão de que um médium não é um fim em si mesmo, mas apenas um meio.
Vamos entender o que é a mediunidade:
·  1 – mediunidade não é uma provação purgatória, mas sim uma provação Divina e um Dom que aflorou no ser que alcançou uma certa etapa evolutiva e assumiu um compromisso no plano astral antes de encarnar. Se bem desenvolvida, irá acelerar sua evolução espiritual;
·  2 – não é uma punição cármica, mas sim um ótimo recurso que a Lei nos facultou para nos harmonizarmos com nossas ligações ancestrais;
·  3 – não escraviza o médium, apenas exige dele uma conduta em acordo com o que esperam os espíritos que através dele atuam no plano material para socorrer os encarnados necessitados tanto de amparo espiritual quanto de uma palavra de consolo, conforto ou esclarecimento;
·  4 – não limita o ser, pois é um sacerdócio. E, ou é entendida como tal ou de nada adianta alguém ser médium e não assumir conscientemente sua mediunidade.
Para concluir, podemos dizer que a mediunidade, por ser um Dom, tem de ser praticada com fé, amor e caridade. Só assim nos mostramos dignos do Senhor de Todos os Dons: nosso Divino Criador!
(Texto extraído do livro “O Código de Umbanda”.)
Oxalá em mim saúda Oxalá em você!
Alexandre Cumino