O passe espírita e o passe Umbandista

 Por Alexandre Cumino

“A um médium é solicitado que conheça o mínimo indispensável para que possa realizar as práticas de Umbanda e seus rituais. Também é exigido que estude um pouco, porque só assim, entenderá tudo o que acontece dentro de um templo de Umbanda durante a realização das giras de trabalho.”
Rubens Saraceni [1]

A palavra “passe” tem origem no Espiritismo, codificado por Allan Kardec, e traz a idéia de “passar” ou “transmitir” algo a alguém. A doutrina codificada por Kardec tem base cristã e encontra no Evangelho as muitas passagens em que Jesus cura as pessoas e “expulsa” espíritos indesejados por meio da imposição de mãos. Algo que vamos encontrar em muitas outras culturas como a egípcia, a grega, a celta, a chinesa, a indiana ou em tradições indígenas e xamãnicas. Estudiosos do passado e do presente se debruçam sobre os fundamentos científicos das técnicas de “passe magnético”, desde Hermes Trimegistro, Fo-Hi, Asclépio, Pitágoras, Hipócrates, Paracelso, Van Helmont, Mesmer, Du Potet e outros.
Na obra de Allan Kardec vamos encontrar (A Gênese, Cap. XIV, 1:14, 15 e 18) a descrição dos “Fluidos” e sua manipulação:
Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais, não os manipulando como os homens manipulam os gases, mas por meio do pensamento e da vontade. O pensamento e a vontade são para os Espíritos o que a mão é para os homens...
Pode-se dizer, sem receio de errar, que há nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos, que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros...
pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais como o dos desencarnados; transmite-se de Espírito a Espírito pelo mesmo veículo, e, conforme sua boa ou má qualidade, saneia ou vicia os fluidos circundantes...
No “Passe Espírita” o médium manipula estes fluidos por meio de técnicas que foram se desenvolvendo com o tempo. Aqui no Brasil devemos, principalmente, a Bezerra de Menezes e Edgard Armond, o método já consagrado e largamente utilizado em boa parte dos “Centros Espíritas”.
A padronização dos passes e outras práticas doutrinárias... foram providências adotadas na Federação Espírita dos Estado de São Paulo para efetivar a unidade das práticas espíritas, assunto de alta relevância, levado ao Congresso de Unificação realizado em 1947 nesta Capital.
Estas são as palavras que “prefaciam” o título Passes e Radiações: Métodos Espíritas de Cura de autoria de Edgard Armond, 1950. 
Podemos dizer que o conteúdo deste livro norteou e norteia até hoje o método e técnicas utilizadas no Espiritismo Brasileiro, em que o “Passe Magnético” subdivide-se por categorias como P1, P2, P3, P4. Além do Passe de Limpeza e da Auto Cura. A realização destes passes é feita por qualquer pessoa de boa vontade que tenha estudado o método, para algumas situações, no entanto é necessário certa sensibilidade ou dom mediúnico. A maioria dos métodos é explicada por uma corrente de energia/magnetismo e fluidos que estabelecem um circuito de forças entre “operador passista” e consulente (assistido). Dentro do processo são definidos alguns conceitos como a polaridade das mãos (direita = positiva, esquerda = negativa) e os centros de força, denominados de chacras por influência oriental, assim como a importância de um conhecimento básico sobre a fisiologia do corpo material e espiritual.

“Quando o Espírito é de elevada categoria, possui grande poder curativo, muito diferente e muito melhor que o que possui o magnetizador encarnado.” 
Edgard Armond [2]

O “Passe Umbandista” não é apenas um “passe magnético” ou material e sim um “Passe Espiritual”, aplicado por um espírito. Assim como Edgard Armond classificou diferentes métodos de aplicação do Passe Magnético para diferentes necessidades, também os espíritos que se manifestam na Umbanda aplicam métodos variados de acordo com a necessidade de cada consulente, dentro dos variados recursos que cada espírito guia entidade/mentor, possui. Sem esquecer que cada um recebe na medida de seu merecimento e afinidade, podendo um encarnado bloquear uma ação positiva direcionada a ele mesmo como conseqüência de sua postura mental. Pois muitos merecem, mas não estão abertos emocionalmente ou psicologicamente para receber o que a espiritualidade lhe oferece, por vários motivos como descrença, irritação, mentalidade critica e posturas interesseiras desfocadas de um objetivo espiritual.
O “Passe Umbandista”, para além de “Passe Espiritual”, pode ser definido como a aplicação de um conjunto de técnicas mágico-religiosas, além de explorar todos os recursos possíveis de imposição de mãos, utiliza elementos e técnicas variadas e até inusitadas.

“Porém, enquanto nos centros espíritas usa-se o passe magnético, nos centros de Umbanda também se recorre aos passes energéticos, quando são usados diversos materiais (fumo, água, ervas, pedras ou colares, etc.) que descarregam os acúmulos negativos alojados nesses campos eletro-magnéticos... Nem sempre o que parece folclore ou exibicionismo realmente o é. Se os mentores dos médiuns de Umbanda exigem determinados colares de pedras, eles sabem para que servem e dominam seu magnetismo, assim como as energias minerais cristalinas irradiadas pelas pedras. Ervas e fumo, quando potencializadas com energias etéreas pelos mentores, também se tornam poderosos limpadores de campos eletromagnéticos.”
Rubens Saraceni [3]

A finalidade é de alcançar maior êxito de acordo com as necessidades, o merecimento e os recursos disponíveis. Cada entidade tem a liberdade de aplicar a técnica que lhe aprouver, desde que dentro dos limites de ética, bom senso e respeito. Embora haja um conjunto de métodos e recursos característicos da Umbanda. Muitas entidades, em especial os pretos velhos, por exemplo, realizam o benzimento, que se distingue do “Passe Magnético”, por empregar uma ação mais relacionada ao poder do verbo, elementos e simbologia, considerada “Magia Popular”. Também é possível identificar métodos complexos de Magia Riscada (Magia de Pemba), abrindo espaços mágicos (Pontos Riscados) que muitas vezes lembram Mandalas do Hinduismo ou mesmo Fórmulas Cabalisticas da Real Arte Simbólica e Mística Hebraica entre outras práticas de Ocultismo e Hermetismo. Entre os elementos mais utilizados podemos identificar velas, água, óleo, pedras, essências, fumo, ervas, tecidos, ponteiros e a citada pemba (giz utilizado para traçar símbolos), dentro de um ambiente de terreiro, mágico-religioso por natureza. Nos métodos se observam rezas, orações, preces, evocações, invocações, determinações e fórmulas mágico-religiosas associadas a banhos, defumações, oferendas e outros.
Todos estes recursos estão mais ou menos associados ao “Passe Umbandista”, no qual se cria um ambiente de Som, Cores, Aromas e Luzes, capaz de inebriar de forma positiva todos os cinco sentidos do consulente a fim de conduzi-lo a certo estado de consciência desejado.
Durante o “Passe Umbandista” observamos a entidade espiritual fazer a imposição de mãos, segurar velas direcionadas aos chakras ou traçando movimentos no ar, colocam colares (guias) no pescoço do consulente ou o colocam dentro da mesma em circulo no chão. Atiram ponteiros em pontos riscados, fazem gestos rituais e movimentos com os pés e mãos que nos faz crer na “Magia Gestual”. Em meio a tantos recursos, que nos encantam e fascinam, nos chama a atenção, em especial, o estalar de dedos, bem característico em quase todas as linhas de trabalho. Muitas pesquisas e especulações já foram realizadas sobre esta prática, entre elas são identificadas as energias que existem na ponta de cada um dos dedos da mão, que são pequenos chakras ou vórtices de energia (“chacrinhas”), e, o “choque” vibratório desencadeado no ar quando o dedo médio estala sobre a região da mão chamada de “monte de Vênus”, causando vibração astral e sonora o que desperta certa energia dentro do campo em que está atuando. Este “Estalar de Energias” pode assumir contextos vaiados de acordo com o que esteja associado, por meio do pensamento ou movimentos. Além deste contexto pode-se usar o estalar de dedos como um simples gesto de descarregar as energias absorvidas pelas palmas das mãos. Um caboclo ou outro espírito guia eleva sua mão ao alto (ou ao lado) buscando certa energia que será irradiada ao consulente, num movimento rápido, ao mesmo tempo em que transmite esta energia positiva, retira os eflúvios negativos e os “descarrega” com um estalar de dedos. Os movimentos longitudinais, transversais e circulares também foram descritos na obra de Edgard Armond, em que: Os passes longitudinais movimentam os fluidos, os transversais os dispersam e os circulares e as imposições de mãos os concentram, o mesmo sucedendo com o sopro quente. Este último merecendo ainda um estudo à parte.
No entanto pode-se associar procedimentos mais ou menos magísticos com os mesmos, ou seja, a relação entre estalos e números com o poder de realização que cada um deles possui, aplicando-se seqüências de estalos que podem variar, por exemplo, de 2x3,3x3,4x3 ou ainda estalos que desenham formas geométricas no ar. Lembrando que a aplicação de símbolos associados a idéias e intenções, com suas respectivas invocações é a mais explicita “magia simbólica”, encontrada nas mais variadas culturas. Assim seqüências de estalos “desenham” no ar, cruzes, estrelas e círculos; firmando ou estabelecendo pontos e espaços vibratórios, aos quais podem ter função nesta realidade ou abrir portais para outras realidades.
Muito mais poderíamos escrever sobre o “Passe Umbandista” e seus recursos, no entanto não pretendemos em um único artigo esgotar o que é inesgotável. Fica aqui um comentário final sobre a importância do estudo, não para complicar o que é realizado de forma tão simples por nossos guias de Umbanda, mas com a finalidade de compreendermos o que eles realizam, com a consciência de que eles sim estudam e estudaram muito para realizar este trabalho espiritual. Não estudamos por um movimento do Ego ou para substituir a presença dos mesmos, mas para lhes oferecer maiores recursos psíquicos, espirituais e materiais. Estudamos para ver o quanto somos ainda “neófitos” (aprendizes) nesta senda, em que Caboclo (a), Preto Velho (a), Baiano (a), Boiadeiro (a), Marinheiro (a), Cigano (a), Exu e Pomba Gira são nossos Mestres.
Notas:

[1] Rubens Saraceni. Código de Umbanda. São Paulo: Ed. Madras, 2006. P.79
[2] Edgard Armond. Passes e Radiações: Métodos Espíritas de Cura. São Paulo: Ed. Aliança, 1997. P. 85
[3] Rubens Saraceni. Código de Umbanda. São Paulo: Ed. Madras, 2006. P. 101

Passes na Umbanda



Por muitas vezes, nós umbandistas assíduos, ou todos aqueles que tem carinho pela religião umbandista, já levamos os chamados passes, ou passes magnéticos quando estamos ou vamos em um terreiro.


Esses passes são nos doados por Entidades de Luz, como por exemplo por Pretos Velhos, Caboclos, Erês, enfim, todas as Entidades de Luz que estão ali em prol da caridade, do amor e da paz. Também podemos receber essa benção de médiuns não incorporados, mas que da mesma forma estão ali para doar o amor e a paz, além da recuperação da saúde e das energias tomadas por obsessores, tanto desencarnados quanto encarnados.


A Umbanda segue a mesma linha do espiritismo, doutrina codificada por Allan Kardec, que também tem a busca da base cristã, e se espelha nas passagens do Evangelho na qual Jesus cura as pessoas e expulsa os espíritos obsessores, usando sua fé e a imposição das mãos. A nomenclatura "passe" tem como originalidade vinda do espiritismo, e nos dá a ideia de transmitir algo a quem necessita, como energias tomadas por obsessores por exemplo. Sabemos que os espíritos atuam sobre os fluidos espirituais por meio dos pensamentos e vontades, e ambos são para os espíritos exatamente o que as mãos são para os encarnados.


Apesar de uma pequena diferença entre os passes doados no espiritismo (Kardecistas) e na religião Umbandista, da mesma forma os passes são extremamente eficazes para aquele consulente que o busca com amor, boa intenção e fé, portanto quando falamos de passe, o importante na verdade é como será recebido esse passe, pois a doação sempre virá de uma forma amorosa, caridosa e extremista de fé.


Temos três tipos de passes mais conhecidos dentro da linha espiritualista: Passe magnético, passe espiritual e passe misto.


O Passe magnético é aquele que o médium faz a doação de apenas seus fluídos utilizando a força magnética existente no próprio corpo perispiritual.


O Passe espiritual e uma fundada magnetização feita por Espíritos e Entidades de Luz, sem intermediários feito diretamente no períspirito das pessoas enfermas e necessitadas. Neste passe a pessoa necessitante não recebe fluidos magnéticos de médiuns, mas outros mais finos e puros, trazidos dos planos superiores da Vida, pelo Espírito ou Entidade que vai assisti-lo.


... O Passe misto, é o passe onde se misturam os fluidos do médium com os das Entidades de Luz ou Espíritos de Luz. O passe espírita/médium objetiva o reequilíbrio orgânico (físico), psíquico, perispiritual e espiritual do consulente. Ele atua diretamente sobre o períspirito, revitalizando as energias perdidas, eliminando fluidos negativos, auxiliando na cura de enfermidades.


A busca de passes por consulentes é com a intenção de melhorar seu comportamento orgânico, psíquico e ou espiritual. É normal em uma doação de energias através dos passes, os médiuns sentirem uma fadiga bastante elevada. Isso pois deixam claro indícios de que houve uma grande transferência fluídica em benefício dos consulentes necessitados.


Dentro da Umbanda especificamente, o passe é o momento no qual o consulente se dirige ao médium incorporado com uma Entidade de Luz, e no caminhar da consulta, além de pedir conselhos espirituais, pedidos diversos, o consulente recebe dessas divinas Entidades de Luz uma benção em nome de Deus, que dentro do merecimento, sejam atendidos naquilo que estão suas necessidades. Os passes na Umbanda são aplicados distintamente em relação a cada tipo de linha. As Entidades de Luz manifestantes, aplicam diversos métodos de acordo com a necessidade de cada consulente, se utilizando dos recursos variados que as Entidades possuem.


... Os passes recebidos e doados com fé tem efeitos excepcionais, variedades diversas, indo desde um breve alívio até a cura de moléstias graves. Porém essas graças recebidas vão depender do preparo do médium em repassar essas energias, do desenvolvimento mediúnico do mesmo em deixar que aconteça a incorporação de Entidades de Luz sem que interfira no tratamento através dos passes, também devemos levar em consideração a fé de ambos, tanto do passista (médium) quanto do paciente, e claro o merecimento desse consulente, pois não devemos esquecer que cada um recebe dentro da medida de seu merecimento, e entendemos que um encarnado pode bloquear ações positivas direcionadas a ele próprio como consequência de seus maus sentimentos, de seus pensamentos e ações de baixo teor de fé.


. Sabemos que muitos são merecedores de receber a caridade através dos passes, porém não estão abertos a receberem emocionalmente, psicologicamente ou mesmo religiosamente para receber o que a espiritualidade possa oferecer, por vários motivos como a descrença, a irritação, mentalidade crítica, e muitas posturas interesseiras desfocada de um verdadeiro objetivo espiritual. Dentro da Umbanda o passe pode ser definido como uma aplicação de um conjunto de forças espirituais divinas, pois além de explorar todos os recursos possíveis de imposição das mãos, ainda se utiliza elementos e técnicas variadas.


Os passes cedidos a quem necessita não depende na primeira visão do fato, do merecimento ou do recurso, pois a finalidade tanto dos médiuns quanto das Entidades de Luz será sempre alcançar o êxito maior, e a colocação da verdadeira necessidade, do verdadeiro merecimento, da verdadeira fé, não cabe as Entidades de Luz, muito menos dos médiuns fazerem o julgamento, pois isso e de responsabilidade do Pai Maior, o nosso amado Deus. As Entidades sabem exatamente quais as técnicas que deverão aplicar a cada tipo de necessidade, porém ao percebermos algo que esteja fora da ética, do bom senso e do respeito, podemos afirmar sem dúvida nenhuma que isso não faz parte do trabalho das Entidades de Luz, e sim da mistificação de falsos médiuns que não foram preparados para tal função. Devemos ficar atentos as regras umbandistas para os passes de caridade, pois na Umbanda tem um conjunto de métodos e recursos característicos da religião. Nesses métodos podemos observar rezas, orações, evocações, invocações, determinações e recursos mágicos religiosos associados a banhos, defumações, oferendas, entre outros tipos. Dentre vários recursos que nos fascinam na Umbanda em relação aos passes, podemos frisar o estalar de dedos que é bem característico em todas as linhas de trabalho.


. Nossos amados Pretos Velhos dão passes estalando os dedos, fazendo o sinal da Cruz, e colocando as mãos sobre várias partes do corpo do consulente como a cabeça, costas, nucas, barriga, mãos, ombros. Eles podem usar também em seus passes dentre outras coisas, velas, crucifixos, ervas, fumo, óleo, essências. Tudo como uma forma de transmitir energias espirituais positivas, acalmando, revitalizando, estabilizando o consulente. O choque vibratório desencadeado no ar quando o dedo médio estala sobre a região da mão chamada de Monte de Vênus causa vibração astral e sonora despertando certa energia dentro do campo em que está atuando. O estalar de energias assume contextos variados de acordo com os objetivos desejados, através do pensamento e ou movimentos.


. Podemos ver também a benevolência dos passes serem feitas através da imposição de uma vela segura por uma Entidade de Luz levando-a aos chacras ou traçando alguns movimentos no ar, podendo também essa Entidade colocar guias no pescoço dos consulentes, ou mesmo colocar essas guias ao chão em formato de círculo, podem fazer pontos dentro do mesmo, introduzindo ponteiros, pemba, fazendo gestos ritualísticos com movimentos dos pés e mãos, e certamente tudo isso nos encanta. No estalar de dedos é dito que, em estudos recentes, foram identificadas as energias que existem na ponta de cada um dos dedos da mão, que são pequenos chacras ou vórtices de energia (chacrinhas), e, o choque vibratório desencadeado no ar quando o dedo médio estala sobre a região da mão causando vibração astral e sonora o que desperta certa energia dentro do campo em que está atuando. Este Estalar de Energias pode assumir contextos vaiados de acordo com o que esteja associado, por meio do pensamento ou movimentos, conforme já foi dito acima.





.. Além deste contexto pode-se usar o estalar de dedos como um simples gesto de descarregar as energias absorvidas pelas palmas das mãos. Um caboclo ou outro espírito guia eleva sua mão ao alto (ou ao lado) buscando certa energia que será irradiada ao consulente, num movimento rápido, ao mesmo tempo em que transmite esta energia positiva, retira os eflúvios negativos e os descarrega com um estalar de dedos. Finalizando, os passes são de fato uma grande ajuda a quem necessita, principalmente na retirada de cargas negativas, carmas familiares, obsessão, vícios (juntamente com ensinamentos e a boa vontade do consulente). Devemos sim buscar esse auxilio, mas buscar com fé, de coração aberto, e confiança no resultado que ele dará. Tudo dependerá de nós mesmos aceitarmos o auxilio das Entidades de Luz e assim receber a verdadeira caridade. Que Oxalá e todos os Orixás nos concedam receber essa força suprema em forma de passe doados pelas nossas amadas Entidades de Luz. Saravá Umbanda!

A Visão de um Adepto: A Reza, a Prece e a Oração


Por: Gregorio Lucio

Reza, Prece e Oração. 

Embora para muitas pessoas todos estes termos sirvam para se referir a mesma coisa, gostaria de compartilhar algumas reflexões e conhecimentos sucintos para, se possível, ampliarmos nossa visão a respeito do que venha a ser, efetivamente, cada uma destas palavras e práticas tão comuns da experiência religiosa do ser humano.
Primeiramente, lembro que ambas nos ligam, de maneira prática, ao plano do Sagrado, para o qual nos direcionamos em busca de algo que possa nos corresponder interiormente. Rezamos, fazemos Preces e Oramos, seja a benefício de nós mesmos, seja em benefício de outrem. E, de maneira geral, fazemos isso assumindo uma postura (tanto interior quanto exterior) característica, proferimos palavras que nos foram ensinadas ou que decoramos de alguma forma, ou mesmo silenciamos e “conversamos” de maneira aberta e espontânea com Deus. Ou seja, tanto na Reza e na Prece, quanto na Oração temos o mesmo princípio operante: o de nos ligarmos e nos sintonizarmos com a Divindade.

Falando especificamente, a Reza constitui um ato característico, muito comum na prática rito-litúrgica de várias religiões. Trata-se de um modelo, com um “texto” definido, o qual é proferido, em geral, de maneira coletiva, por todos os presentes no templo religioso. Ave-Maria, Salve Rainha, O Credo e até o Pai-Nosso, isso sem nos referirmos a outras tantas existentes também em outras culturas religiosas além do Cristianismo, quando utilizados de maneira coletiva, em um ato rito-litúrgico, caracterizam a Reza. Para ficar claro, basta lembrarmos da origem desta palavra. Reza vem da raiz latina Recitare, que significa “ler em voz alta e clara”. Aliás, a mesma palavra latina (Recitare), também deu origem, na língua portuguesa, a palavra Recitar, que tem o mesmo significado já exposto. Posteriormente, no Brasil, atribui-se o significado da palavra Rezar como sinônimo de Orar, diferencioando-se da palavra Recitar. Mas, como pudemos ver, a origem das palavras tem o mesmo sentido, e é utilizado de maneira lógica na rito-liturgia religiosa, pelo conhecimento teológico de sua origem em latim, como uma expressão coletiva.

Bem, em toda Reza está presente a Prece. 

E o que seria a Prece? 

A Prece significa uma atitude ativa por parte do indivíduo que se lança em direção a Deus. É o desejo da pessoa de se “comunicar”, de diminuir a “distância” entre ela e a Divindade. É a atitude que tomamos na intenção de sentirmos a presença de Deus em nós e entrarmos no fluxo inspirativo que se irradia Dele, trazendo para nós e para os outros (quando nossa intenção é a de interceder por alguém) um sentimento de plenificação, de serenidade, de paz, de estabilidade. A prece é um ato de adoração, no qual deve caber sempre o pedido (súplica), a louvação e o agradecimento. É indispensável a ligação do sentimento de fé e de elevação interior na prece para que possamos nos sintonizar com o “pensamento” Divino. 
Seja por meio das preces lidas, decoradas ou pela ação livre e espontânea do nosso pensamento, com o qual buscamos nos ligar a Deus, temos que compreender o significado das palavras que estamos pensando e/ou proferindo, qual o sentido do que estamos dizendo (principalmente no caso das que são lidas ou decoradas) e sempre ligar o nosso sentimento íntimo de busca e de desejo de entrar em contato com a Fonte Divina do Bem. A prece nunca pode ser algo repetido maquinalmente, com o qual o coração não se comove e nada sente. E, para isso, Jesus, nosso Divino Mestre, nos herdou um modelo exemplar: O Pai-Nosso. 
Quando Jesus responde ao apelo dos discípulos e da multidão que o observava no monte, profere as seguintes palavras:
“Assim, pois, é que vós haveis de orar. Pai nosso, que estás nos Céus, santificado seja o Teu nome!...” (Mateus 6:9, 6:10, 6:11 e seguintes)
Se refletirmos no conteúdo do Pai Nosso, lembrando-o em toda a sua extensão, veremos que lá estão contidas as bases para a efetiva prece, pois ele é o resumo de todas as profundas aspirações humanas (oportunamente, trarei um texto com a reflexão detalhada em torno do sentido do Pai-Nosso). 
A prece é, portanto, um aprofundamento no processo Oracional. 
A possibilidade de experimentar a Oração, esse estado interior (estado oracional), é factível para todo aquele que busca ampliar a consciência de si-mesmo.

A Oração, conforme já o disse, é a condição totalmente interior, subjetiva, é um estado mental ao qual podemos nos conduzir por intermédio da prece e da reza. É possível e comum, em alguns momentos, Rezar e fazer Preces sem entrarmos num estado Oracional, o que certamente demonstrará que não houve uma correspondência entre a nossa prática exterior e a nossa condição interior. Pois não adianta somente pensar em Deus e pronunciar o Seu Nome. É preciso pensar nEle com elevação, com o desejo e a aplicação da vontade em com Ele se conectar. Ou seja, deve ser um ato consciente de busca-Lo.
A oração se concretiza, quando feita de maneira adequada, em um sentimento interno profundo, inexprimível, no qual todas as palavras silenciam. É um estado de quietude. É o atingimento de uma condição mental superior, no qual podemos e devemos nos exercitar, adentrando-o, buscando permanecer neste. Utilizando um termo comum na meditação, que também nos induz a um estado mental superior, o exercício da oração deve resultar, com o passar do tempo, com que possamos atingir um estado de contemplação. A constância no hábito da oração nos leva, com o passar do tempo, a uma gradativa iluminação interior.
Para finalizar, elaborei um singelo resumo gráfico, situando a Reza, a Prece e a Oração como momentos e níveis diferentes, contemplados uns nos outros, conforme segue:




Saravá! 
 Bibliografia Consultada:
Miranda, Projeto Manoel Philomeno de (2008) – Consciência e Mediunidade
                                                             (2010) – Qualidae na Prática Mediúnica
Kardec, Allan (1864). O Evangelho Segundo o Espiritismo
A Bíblia Sagrada – Evangelho de Mateus