Mediunidade em seus diferentes aspectos
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10 de setembro de 2017
Mediunidade:
em que acredita o espiritualista?
A
pedra angular da Umbanda e
de todo o Espiritismo (ou espiritualismo) é a de que existirá sempre uma vida
após outra vida.
Ou
melhor: quando nos separamos de nosso corpo físico pela passagem (morte) para o
plano espiritual, apenas o nosso corpo físico se desfaz.
Nossa
alma, liberta de seu material invólucro, prossegue sua existência.
A
isto se sucede uma nova existência, um novo nascimento após a completa triangulação,
nesta ou em outras formas de vida, neste ou em outro planeta.
Isso
difere totalmente da crença católica, a saber:
–
De que após a morte física o destino da alma é a total aventurança;
–
De que há um período intermediário em que o espírito é punido por pequenos
erros;
–
De que há uma eternidade de provações e de castigos aplicáveis àqueles
espíritos considerados maus ou inferiores semeadores do mal;
–
Em outras palavras: o Céu, o Purgatório e o Inferno, onde os espíritos
aguardarão a ressurreição.
Isto
é o que creem os católicos.
Creem
que um dia voltarão a ressurgir com os mesmos aspectos físicos de antes da
morte, no dia do “Juízo Final”.
Seria
mais ou menos como retornar ao antigo corpo, que voltaria a ter o mesmo aspecto
de antes da morte.
Reencarnação,
ao contrário, é o renascimento dessa mesma alma, em outro corpo preparado, ou
concebido, para esse fim.
Em
outras palavras, a morte é uma renovação.
É
preciso que se morra para que se possa renascer.
Pelo
exposto acima, vemos que entre uma encarnação e outra o espírito, que em tempo
algum deixou de existir, pode de alguma forma se comunicar com os encarnados e,
através de alguns encarnados, pode até mesmo servir-se de seus corpos físicos
nessas comunicações.
A
estes, nós chamamos médiuns.
Então,
o que é mediunidade?
É
a faculdade que determinados indivíduos possuem de captar vibrações
espirituais.
Ou
ainda, mais diretamente no que se relaciona à Umbanda, mediunidade é a
faculdade que determinados indivíduos têm de poderem até mesmo emprestar seu
corpo físico a um espírito desencarnado.
São
várias as formas de mediunidade.
Mas
seria interessante esclarecer um problema com que se defronta quase a
totalidade dos neófitos na Umbanda.
Consiste
no fato de que muitas vezes o médium tem pleno conhecimento do que ocorre
quando incorporado.
Chega
até a criar uma dúvida angustiante, gerando perguntas como:
“Como
eu posso ser médium se eu sei tudo o que a entidade diz ou faz?”
Ou
ainda: “Foi a entidade ou fui eu quem disse ou fez algo quando
incorporado”?
Isso
acontece principalmente porque criou-se, dentro das diferentes doutrinas
espíritas ou espiritualistas, um verdadeiro tabu:
o
de que só é médium aquele que não tem consciência do que ocorre durante a
incorporação.
E
isto não se resume apenas aos neófitos.
Átila Nunes, em seu livro “Antologia da Umbanda” pergunta:
“Haverá médiuns inconscientes?”
Onde
está então a verdade?
Via
de regra, quase todo médium passa por diferentes estágios durante seu
desenvolvimento mediúnico.
Geralmente,
as primeiras manifestações ocorrem em estado de inconsciência.
Depois,
quando se inicia o desenvolvimento, o médium passa por um período de quase
total consciência.
Posteriormente,
à medida que a entidade se adapta à incorporação, o médium fica melhor adaptado
às suas funções.
O
médium passa primeiro por um estado de semiconsciência.
Ou
seja: não consegue se lembrar de detalhes, como se tudo tivesse ocorrido num
sonho, como se estivesse vendo através da névoa, ou depois de ter abusado do
álcool, para depois tornar-se totalmente inconsciente.
Conhecemos
não poucos bons médiuns que sempre foram totalmente inconscientes.
Outros,
não menos eficientes, nunca conheceram em sua plenitude a inconsciência.
Para
melhor facilidade de compreensão, vamos ilustrar da seguinte forma:
Faça
de conta que o médium é um automóvel e o seu espírito é o motorista (que o
conduz).
Imagine
agora que um outro motorista que não tem mais seu automóvel (o corpo físico),
peça ao primeiro para usar o seu, mas com a condição de que o primeiro
participe do passeio ou viagem.
Então,
o motorista (proprietário do automóvel) empresta seu carro para o outro e
senta-se no local destinado ao passageiro.
Como
o mesmo não sabe de que forma o outro dirige, durante algum tempo até se
certificar da habilidade do outro motorista, viajará apreensivo, pois cada erro
notado será um arranhão em seu patrimônio.
Se
o segundo motorista avança um sinal, será o primeiro quem levará a multa, ou se
arriscará a sofrer danos em seu veículo.
Todavia,
se após algum tempo de viagem, o primeiro constata que o segundo motorista é
cuidadoso, que não comete imprudências e zela pelo seu veículo, poderá até se
distrair, observar a paisagem e, ao final da viagem, embora naturalmente
cheguem juntos, o primeiro, por haver se distraído, não saberá citar com certeza
todos os detalhes do caminho.
Mais
tarde, quando partirem para outros passeios mais longos, acabará por se
abandonar no banco do carro, adormecendo.
Naturalmente
que, no final dessa viagem, não terá nenhuma recordação do que aconteceu
enquanto dormia, embora não houvesse, em tempo algum, se ausentado do veículo e
tivessem chegado exatamente juntos ao final da viagem.
O primeiro
caso mencionado é o do médium consciente, que em início de desenvolvimento
não consegue se entregar por inteiro à entidade, trabalhando a maior parte das
vezes irradiado, sem uma total e completa incorporação.
O segundo
caso aplica-se ao médium que, depois de alguns anos de trabalhos
constantes, quando mesmo tendo sido considerado sempre como médium
consciente, lembra-se apenas parcialmente dos fatos ocorridos
durante o transe mediúnico, não conseguindo fixar-se nos detalhes.
O terceiro caso citado é da mediunidade que,
atingindo uma total identificação vibratória com a entidade, pode permitir o
mais absoluto controle de seu corpo e de sua mente pela entidade incorporante.
Resultado
disto: não conseguir lembrar-se absolutamente de nada do que lhe aconteceu
durante a incorporação.
Nota
dos Editores do Umbanda Eu Curto
Na
nossa visão, não há melhor ou pior mediunidade.
Mais
de 90% dos médiuns de Umbanda são semiconscientes.
A
maioria, assim, se enquadra no “segundo caso” citado pelo autor.
Isso
é bom, pois o médium pode aprender com as entidades e assim evoluir.