EGRÉGORA
Se você é pai no santo ou médium
frequentador de algum Terreiro, já deve ter pelo menos ouvido alguém
dizer: “Olha a corrente, gente! Vamos concentrar”!
Você sabe realmente o que isso quer
dizer? Muita gente (até as que falam) não sabe!
O que é essa tal de “corrente”? Será
uma corrente de ferro ou de fibras que se forma no invisível? Será uma corrente
que vai prender os Espíritos? Será? Será?
Na verdade, quando um dirigente
(quando bem preparado) chama a atenção para a “corrente” é porque ele sentiu
uma queda ou diminuição na energia ambiental (egrégora) que deve ser mantida
pelos médiuns em um potencial elevado, de forma a manter os trabalhos em nível
adequado, até mesmo por uma questão de auto preservação.
Essa questão da “corrente” ou egrégora
é tão importante que vamos nos aprofundar um pouco mais no assunto para que
você possa perceber, se orientar e orientar a outros.
Nota do autor: “Egrégora provém do
grego “egrégoroi” e designa a força gerada pelo somatório de energias físicas,
emocionais e mentais de duas ou mais pessoas, quando se reúnem com qualquer
finalidade. É o envolvimento, clima envolvente, estado de Espírito resultante
de fatores externos e internos. Quando um grupo de pessoas se reúne em
meditação e oração com um objetivo comum, pela união do amor e da vontade é
criada uma forma pensamento. Essa forma pensamento coletiva é formada pela
vontade dos encarnados e desencarnados, movidas pela intenção. Baseada na
Grande Lei de que cada pensamento/sentimento, cada intenção, quando aliada ao
desejo sincero transmite uma força dinâmica separada do ser que a forma e a
envia, formamos um grupo de meditação e oração para podermos juntos emitir
pensamentos saudáveis de amor e paz, conduzidos no plano astral pelos Anjos,
Orixás, Guias Espirituais, Santos, etc., canalizados para um bem comum. A força
de uma egregóra é ampliada, e segundo a intenção e dinamização do grupo
formador, se torna poderosa”.
Vou tomar como exemplo uma Gira de
Umbanda, mas advirto que você pode adaptar minhas explicações para entender
práticas espirituais, inclusive das Igrejas Evangélicas que fazem curas, etc.
Vamos considerar um grupo de 10 pessoas e partir do princípio de que todas
estão unidas por um mesmo ideal. Isso é a base de tudo!
Criada a egrégora como já vimos antes
(pela união dos pensamentos direcionada aos mesmos fins), cada vez mais
energias de mesma sintonia são atraídas para o ambiente. Essas energias somadas
atuam imediatamente nas pessoas que ali estão e em alguns casos, se for bem
forte já começam a operar alguns “milagres”, desde que as pessoas estejam em
estado de recepção (concentradas no ritual e ansiando por receberem um bem). As
entidades afins (aí eu já estou falando de seres espirituais) penetram e até
são atraídas para o interior. Entidades inferiores tendem a ser barradas por
uma força invisível (a energia) que a princípio é incompatível com suas
vibrações (isso se tudo estiver “correndo bem”).
Se uma entidade inferior for atraída
para dentro da egrégora, ela fica de certa forma subjugada pela força desta e
desse modo se consegue lhes dar um melhor encaminhamento para outros planos
espirituais.
As entidades afins usam parte dessa
energia para auxiliar os que ali estão na medida de suas possibilidades.
A técnica usada nos Terreiros de Umbanda
e Candomblé para formar a egrégora inicial (quando os grupos são bem dirigidos)
está baseada nos rituais de “abertura”.
Já nas Igrejas Evangélicas e outras,
consiste basicamente nas pregações, que fazem com que os adeptos se concentrem
ou dirijam seus pensamentos de acordo com a “pregação”.
Se você for um estudioso e não
carregar preconceitos, notará que nessas “pregações” há sempre um
direcionamento do raciocínio dos ouvintes de forma a fazê-los pensar
positivamente e acreditarem firmemente na possibilidade de alcançarem os bens
que foram procurar. Nesse momento, embora nem saibam, às vezes, estão gerando a
egrégora. Fazer com que a assistência participe ativamente, pensando
positivamente, deve ser parte obrigatória de todas as Giras de Umbanda. Essa, no
entanto é uma prática esquecida e o que vemos em muitos Terreiros é uma
assistência quase que sempre alheia, só participando em alguns momentos, de
preferência quando vêm de encontro ao que lhes interessa.
Dessa egrégora, como já disse, são
retiradas as energias para a realização dos trabalhos, o que vale dizer que se
essa energia não for forte o suficiente, o mínimo que pode acontecer é
acontecer nada. Por outro lado, se a
corrente ou egrégora das “Giras” não for suficiente, várias complicações podem
acontecer com o passar do tempo, sendo que, o(a) dirigente, por ser o centro
maior das atenções e para quem convergem as maiores quantidades de energia ali
geradas e mesmo as trazidas pelos assistentes, é quem sofre, por assim dizer,
as maiores consequências dos trabalhos realizados sem a devida segurança.
Veja abaixo alguns tipos de complicações que podem ocorrer:
·
Médium dirigente
e/ou médiuns auxiliares não conectados positivamente com suas entidades de
guarda o que pode provocar de imediato incorporações insatisfatórias, e
insegurança – animismo.
·
Perturbações por
intromissão de entidades do Baixo Astral que encontram entrada fácil nesses
casos.
·
Problemas com
médiuns e/ou assistência com relação até mesmo à integridade física, pois não é
raro em sessões dessa natureza, haverem manifestações turbulentas de entidades
descontroladas e médiuns idem.
·
Cansaço físico de
dirigente e médiuns ao final dos trabalhos pela perda energética sofrida. O
normal é que quando se encerram os trabalhos, todos os médiuns se sintam em
perfeitas condições físicas e, não se tratando de trabalhos de descarga e
desobsessão, é normal até que saiam sentindo-se melhor do que quando chegaram,
justamente porque conseguiram atrair uma grande quantidade de energia positiva
da quais todos poderão desfrutar.
Observação: Existem mais situações que podem acontecer, mas vamos
ficando por aqui, pois só as citadas já darão como consequências as que vêm
após.
Complicações que podem ocorrer com a continuidade dos problemas:
·
Enfraquecimento
crescente dos contatos entidade/médium.
·
Corpo mediúnico
cada vez mais inseguro.
·
Dificuldades
crescentes para a realização de trabalhos.
·
Problemas começam a
surgir na vida material de todos.
·
Discórdias entre o
grupo começam a gerar desentendimentos maiores.
·
Formam-se grupos
dentro do grupo dividindo a energia ao invés de somá-la.
·
Doenças e
dificuldades começam a aparecer.
·
Como os contatos
espírito/médium já não são tão positivos, torna-se difícil ou impossível a
solução de problemas que antes eram nada (aí, não raramente começam a se
consultar em outros lugares).
Para sintetizar: Todos serão altamente prejudicados por seus próprios
atos e desunião e, como ocorre normalmente, ao final elegerão sempre um culpado
– ou o dirigente ou a própria Umbanda (no nosso caso).
Ainda sobre a egrégora de Terreiros de Umbanda, é
preciso que se explique que ela, além de ser formada e nutrida com a energia
gerada em cada reunião, também é favorecida pelas “firmezas” ou “assentamentos”
que devem ser tratados, reforçados e respeitados.
Mais uma explicação. Assentamento, como muitos
podem crer, não é prática exclusiva das religiões Afro. Até mesmo elas
“importaram” essa prática de Seitas e Religiões muito mais antigas. Se os
assentamentos estiverem bem “sintonizados” com as energias e entidades para os
quais foram dirigidos, sabendo o/a dirigente acioná-los, eles serão de grande
importância (caso contrário serão meros ocupantes de lugar), pois poderão
trazer para o ambiente essas energias e entidades que beneficiarão sobremaneira
a realização de trabalhos positivos.
Para resumir e ficar bem entendido
observe o seguinte:
·
Energia positiva atrai energia positiva (o oposto também vale).
·
Pensamentos (que geram energia) positivos atraem energias e fatos
positivos (ou negativos…).
·
Medo, insegurança e discórdias quebram a rotina da criação e da ação de
energias positivas.
·
Fé (certeza, convicção) provoca sempre a criação de energia e, quanto
maior for maior será a ação dessa energia.
·
Egrégoras são energias que podem ser geradas e fortalecidas a cada dia.
Se elas serão positivas ou negativas, dependerá de quem as criará.
·
Egrégoras (se positivas) são de utilidade total em qualquer reunião para
trabalhos mediúnicos. Quanto mais fortes, maior o auxílio que podem prestar.
·
Egrégoras formam-se até mesmo em sua casa, seu ambiente de trabalho,
etc. Só que nesses casos, como não costuma haver um direcionamento das energias
que a formarão (a não ser em poucos casos) elas correm o risco de serem negativas.
·
Grupos desunidos, por mais forte que queira parecer o dirigente, estarão
sempre a um passo da derrota em função de não conseguirem gerar o ambiente
propício para a presença de verdadeiros Espíritos Guias.
A disciplina e a união em torno de
objetivos comuns são partes sólidas da base que construirá o verdadeiro Templo
– aquele onde comparecerão sempre os verdadeiros Amigos Espirituais.
(Claudio Zeus – extraído do livro
Umbanda Sem Medo Vol I)
Texto retirado do site: www.umbanda.com.br