QUEM SÃO OS
CAMBONOS DA UMBANDA?
Por Administrador
Publicado em 29 de janeiro de 2014
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Quem
frequenta as giras de Umbanda apenas como assistência, ou quem está iniciando
seus trabalhos dentro de um terreiro de Umbanda, em geral não tem conhecimento
do cabedal de fundamentos que alicerçam a segurança do que parece ser “apenas”
mais uma gira, no dia a dia do calendário deste terreiro. Desconhecem que por
traz do ritual aparentemente repetitivo, cada dia é o resultado de um combate
contra as trevas, e na manutenção do Equilíbrio, nas Vibrações Elevadas, na
correção de energias inadequadas que advém de cada um, oriundas das lutas
diárias ao se conectar com este mundo de provas e expiações. Não têm ideia que
um terreiro de Umbanda se transforma num dínamo energizado, cuja função é
pulverizar todas as vibrações menos boas, todos os pensamentos impuros, todas
as intenções rancorosas, todos estes miasmas que grudam como lama nos
perispíritos dos encarnados quando não conseguem a manutenção da conexão com o
Alto, o que é frequente, visto a baixa qualidade de nossa ambiência no
cotidiano.
Entre
a riqueza de conceitos que permeiam a religião umbandista, se encontram os
cambonos, que passam despercebidos, e que na maioria das vezes são médiuns em
desenvolvimento, que ali estão para aprender com as entidades, ou médiuns que
não incorporam, mas qualquer cambono é muito importante na sustentação da
corrente da casa, mantendo o padrão vibratório elevado por meio de pensamentos
e sentimentos elevados.
O
Cambono ou Cambone, é o médium que participa nas giras de assistências como
auxiliar dos Guias em terra, podendo ser designado na hora dos trabalhos, pelo
Primeiro Cambono, pela Ialorixá ou pela Iabá.
No
livro “Umbanda sem Medo I ” vemos :
“A
palavra “Cambono” é originária do termo: Kambondo; Kambono; Kambundu; que nada
mais é do que um título consagrado aos homens que não entram em transe
mediúnico, e são responsáveis por várias funções de alta confiabilidade nos
Candomblés de Nação Congo Angola.
Portanto,
esse termo já existia antes da anunciação da Umbanda e já era consagrado para
definir um cargo auxiliar importante dentro dos culto-afros, sendo,
posteriormente absorvido pelos umbandistas para definir os obreiros que
auxiliam os Guias Espirituais nos trabalhos mediúnicos. Qualquer tipo de
“cargo, atividade e/ou funções” dentro de um Terreiro umbandista tem como
designativo o pré-nome: Cambono, seguido pela atividade que ocupa.”
O
Cambono precisa conhecer a mediunidade e tudo o que diz respeito ao trabalho
com a espiritualidade. Deve ter grande firmeza de pensamento e sentimento a fim
de evitar desequilíbrios emocionais e espirituais que poderiam pôr a perder a
segurança do trabalho. Não pode ter qualquer tipo de preconceito. Ele não está
ali para julgar ou criticar os casos que tem a oportunidade de observar, mas
para colaborar para que sejam solucionados da melhor forma, de acordo com a
sabedoria e a justiça de Deus. E nunca deve relatar ou comentar, dentro ou fora
da casa, as informações que ouve, os problemas dos quais fica sabendo e os
casos que vê nos trabalhos de que participa.
O
Cambono tem ainda como responsabilidade, cuidar dos apetrechos do Guia,
buscando garantir a organização dos objetos e a conservação e limpeza do
ambiente (uso de cinzeiros, copos, etc) bem como guardando nos lugares corretos
os objetos emprestados pela Casa Espiritual (pemba, prancheta, etc). Outra
responsabilidade sua é a anotação, bem legível, e correta das orientações do
Guia, bem como do material que for solicitado.
É
importante a conscientização do Cambone em aproveitar todas as oportunidades de
reflexão e crescimento, pois acompanhando diversos atendimentos, e sempre
pensando naquilo que também lhe diz respeito, obterá muitas reflexões
produtivas ao seu crescimento espiritual. Deve sempre manifestar boa vontade,
bom humor, disponibilidade em ajudar e resolver os problemas ao redor, além de
exercer sempre a caridade com humildade, nas palavras, e nos atos. A função de
Cambono é uma grande oportunidade de crescimento espiritual e deve ser
aproveitado, pois o aprendizado irá enrijecer o caráter, melhorar seu padrão
magnético e vibratório e permitir que mantenha as vibrações equilibradas e
fortes, evitando assim a quebra da corrente fluídica.
Quando
se fala na importância do Cambono na manutenção da corrente fluídica do
terreiro, estamos falando de algo que é de responsabilidade de todos: médiuns
os chefes de terreiro, a assistência, assim como os cambonos. Mas são os
cambonos que chamam atenção quando ocorre alguma situação que possa quebrar
esta corrente, o que pode permitir a entrada de forças trevosas com
consequências desagradáveis para o terreiro. Você já deve ter ouvido alguém
chamar atenção desta forma: “Olha a corrente, gente! Vamos concentrar”!
Quando
se chama atenção para a corrente, é porque pode estar havendo diminuição da
energia ambiental, ligada à egrégora, que deve ser mantida durante todo o tempo
pelos médiuns, em potencial elevado, através de pensamentos positivos, silencio
e prece.
Uma
Egrégora provém do grego “egrégoroi” e designa a força gerada pelo somatório de
energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas, quando se
reúnem com qualquer finalidade. É o envolvimento, clima envolvente, estado de
Espírito resultante de fatores externos e internos. Quando um grupo de pessoas
se reúne em meditação e oração com um objetivo comum, pela união do amor e da
vontade é criada uma forma pensamento. Essa forma pensamento coletiva é formada
pela vontade dos encarnados e desencarnados, movida pela intenção. Baseada na
Grande Lei de que cada pensamento/sentimento, cada intenção, quando aliada ao
desejo sincero transmite uma força dinâmica separada do ser que a forma e a
envia, formamos um grupo de meditação e oração para podermos juntos emitir
pensamentos saudáveis de amor e paz, conduzidos no plano astral pelos Anjos,
Orixás, Guias Espirituais, Santos, etc., canalizados para um bem comum.
Este
pensamento coletivo movido para o Bem, e sustentado pelas Entidade Espirituais
iluminadas que protegem cada terreiro, pode atrair cada vez mais forças
positivas, beneficiando a todos que ali se encontram, através da resolução de
problemas físicos, morais, mentais e emocionais. Quando a egrégora formada é
poderosa, só o bem e Luz atuam. Se uma entidade inferior for atraída para
dentro da egrégora, ela fica de certa forma subjugada pela força desta e desse
modo se consegue lhes dar um melhor encaminhamento para outros planos
espirituais.
Porém,
se a corrente fluídica é adulterada com pensamentos frívolos, maus, de
vingança, despeito, cobiça,inveja ou ciúme, também entidades afinizadas com
pensamentos de baixa vibração serão atraídos, diminuindo muito o padrão
energético e a possibilidade de auxílio de uma gira.
É
também papel do Cambono convidar os assistentes, de forma particular ou
coletiva, a se manterem com o pensamento elevado, firmes, evitando burburinhos,
e conversas fúteis, que podem levar à distração e pensamentos não condizentes
com a vibração adequada. Se a corrente fluídica da gira não for suficiente, a
egrégora não será convenientemente fortalecida e várias complicações podem
acontecer com o passar do tempo, sendo que, o(a) dirigente, por ser o centro
maior das atenções e para quem convergem as maiores quantidades de energia ali
geradas e mesmo as trazidas pelos assistentes, é quem sofre, por assim dizer,
as maiores consequências dos trabalhos realizados sem a devida segurança, mas
estas consequências podem reverberar também nos médiuns trabalhadores da casa.
Algumas
complicações geradas pela quebra da corrente fluídica são por exemplo: médiuns
não conectados positivamente com suas entidades de guarda, o que pode provocar
incorporações insatisfatórias e animismo; Perturbações advindas por entidades
do astral inferior; manifestações muito turbulentas que podem colocar em risco
o físico dos médiuns; extremo cansaço do dirigente e dos médiuns de trabalho,
pela grande perda energética sofrida.
O
normal é que ao fim dos trabalha todos estejam bem, quando a egrégora está
harmonizada e fortalecida e bem conectada com vibração das entidades elevadas,
responsáveis pela proteção da casa.
Ainda
sobre a egrégora de Terreiros de Umbanda, é preciso que se explique que ela,
além de ser formada e nutrida com a energia gerada em cada reunião, também é
favorecida pelas “firmezas” ou “assentamentos” que devem ser tratados,
reforçados e respeitados.
Os
Cambonos então, participam de todos os momentos onde se é necessária a
formação, sustentação e manutenção desta corrente fluídica e mediúnica que
permeia todos os espaços físico e espiritual de um terreiro de Umbanda, e ao
mesmo tempo que auxiliam, estão sendo ajudados, aumentando seus conhecimentos
através das palavras carinhosas dos Pretos Velhos e da sabedoria e grande
proteção dos Caboclos e Crianças.
Saravá
então à coroa dos Cambonos, que eles sempre tenham consciência de seu trabalho,
a responsabilidade para cumprir seu papel e prosseguir sempre.
Alex de Oxóssi
Alex de Oxóssi
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