O MÉDIUM ESQUECE

Antes de falar do médium, vamos falar das pessoas num contexto geral.
Quantas pessoas chegam e vão embora, entram e saem, visitam e somem dos terreiros? Inúmeras pessoas são assim, não sabemos de onde vem nem muito menos para onde vão.
E se observarmos bem, as pessoas da assistência de hoje serão os médiuns de amanhã. O médium que será trabalhado hoje no terreiro, um dia esteve na mesma situação dessas pessoas, ou seja, sentado na assistência com inúmeros problemas ou dificuldades (cargas negativas, pensamentos de baixa vibração, sem emprego, doente, etc..)e acredito com toda a fé do mundo esperando para ser atendido crendo naquela entidade que lhe dará um passe o intuito de melhorar, evoluir crescer e resolver seus problemas e suas dificuldades.

Mas o que acontece neste cenário?
A pessoa que estava passando por dificuldades começa a encontrar soluções e consegue se erguer aos poucos, erguendo-se ela começa a frequentar com assiduidade, claro que isso em alguns casos. Então aquela pessoa que está na assistência sente-se deslumbrada com a Umbanda e inicia o seu processo de trabalho dentro deste terreiro.
E claro esse irmão se tornou o tão famoso Médium.

Como se todos nós não fossemos, mas tudo bem não é o momento para discutir isso.
O médium entra no terreiro e inicia o seu processo de aprendizado, adequação e crescimento, mas vem algo agregado muito comum em alguns casos. A VAIDADE.
Já é o primeiro sinal de que o médium esqueceu o motivo pelo qual um dia foi ao terreiro. Tempo esse que ficou na assistência pedindo auxílio nas suas dores.
Mas o médium continua frequentando, trabalhando, mas agora dizendo: Eu sou médium umbandista. Todo orgulhoso porem somente dentro do terreiro pois fora dele não assume a sua religião de forma honrosa mas tudo bem.
Espere um pouco cadê a parte da humildade do médium? Eu acho que se perdeu em algum momento da sua caminhada e não percebemos.

Ah! Encontrei, eu estava atento e percebi que essa humildade foi perdida quando seus “problemas ou suas dificuldades foram resolvidos ou pelo menos amenizadas, e hoje com o problema ou dificuldades menores ou até mesmo sem problemas “ele é outra pessoa”.
E quando alguém chega a assistência com as mesmas dificuldades ou piores que a dele, então o Super-Médium faz o que? Ele ajuda?
Não. Ele geralmente levanta seu dedo e julga, critica, e se acha no direito de imaginar, que é uma pessoa do que aquela que está na assistência, onde precisa simplesmente de ajuda, da mesma forma que um dia ele precisou quando era assistente.

Na maioria das vezes, esquecemo-nos disso, não é? O meu momento ruim passou, graças a Deus, não vou olhar o passado. Pois bem irmãos, más como diz o velho ditado. “Dor de dente não dá uma vez só”. Então por que julgar e apontar contra aqueles que estão sentados na assistência? Se um dia aquela cadeira que está sendo ocupada por este assistente foi ocupada por você. “O Médium”.
“Amigo médium ao entrar no terreiro com os bancos vazios olhe com o coração e você ira se ver ali sentado como outrora ficou”.
Hoje você está do lado de dentro, não esqueça que você veio do lado e fora também.

Texto Original: Danilo Lopes Guerra

Incorporação em fases

ESTOU INCORPORADO MAS VEJO E OUÇO TUDO
Esta é a principal dificuldade de todo médium que inicia seu desenvolvimento mediúnico. Sou consciente, vejo tudo, será que estou fingindo?
Quando se trata dessa situação estamos falando da Incorporação Consciente.
Segundo vários estudos, a cada dez médiuns, nove tem essa dúvida e insegurança no inicio de suas incorporações. Não é incomum perceber que muitos irmãos de fé sentem culpa ou vergonha por tal ocorrência, por total falta de conhecimento desse tipo de incorporação.
É importante também citar que existem três estágios no desenvolvimento mediúnico até chegar a incorporação. Para explicar de forma mais simplificada, citarei apenas a ordem ate chegar na incorporação.
1º Estágio é o da INTUIÇÃO
2º Estágio é o da APROXIMAÇÃO
3º Estágio é o da INCORPORAÇÃO.
Considero que é mais importante ficar atento a esses estágios, do que viver no sofrimento ou dúvida se é importante ser consciente ou inconsciente na atuação como médium.
Sabemos que nos dias hoje não se faz necessário a mediunidade inconsciente, entretanto, a percebemos que o médium prefere omitir a sua consciência durante o trabalho mediúnico para credibilidade ou por medo de ser acusado de mistificador.
Hoje as entidades atuam com os médiuns, em sua maioria, consciente durante a realização dos atendimentos e trabalhos. Apenas um percentual muito pequeno (segundo alguns estudos 2%) são semi-consciente e raramente inconsciente (cerca de 1%).
Vou citar um exemplo que li recentemente em um blog, infelizmente não lembro para citar a fonte de pesquisa.
Bom no exemplo a pessoa que escreveu o artigo fez uma analogia comparando copo de água com açucará e o processo de incorporação. 
Em copo de água e coloque duas colhes de açúcar. Sem misturar você visualiza dois elementos: a água e o açúcar. Misturando surge um terceiro elemento totalmente modificando, mas ainda contendo os outros dois elementos.
Da mesma forma acontece a incorporação, a mente do médium alinhada com a energia da entidade que se aproxima, unem-se em harmonia e com o conhecimento de ambos fazem um trabalho correto.
Nunca tive problemas, medo ou vergonha de dizer que sou Médium consciente, pelo contrário, acredito que pelo fator de ser sincera nos trabalhos com as entidades que conquistei o respeito, confiança e a credibilidades dos meus irmãos de terreiro e da assistência.
Na minha concepção o Médium que omite ser consciente tem uma atitude irresponsável, pois se por acaso algo der errado no atendimento o mesmo poderá dizer: “Não foi eu, foi à entidade eu sou inconsciente”.
Outro aspecto importante é a características da manifestação mediúnica quando incorporado, nesse caso estou me referindo aos trejeitos e movimentos das entidades e orixás.
Por exemplo, tente impedir um dos movimentos voluntariamente, segurar as mãos quando da manifestação de um Caboclo enquanto brada seu grito ou levantar rápido quando da incorporação de um Preto Velho. Tem aqueles que desafiam achando que podem provar algumas coisas, mas ao contrário do que pensam, isso é uma grande intervenção e não terão a prova de reação da entidade que não permitira que a pessoa corrija a postura ou mude o movimento.
No começo da Umbanda era necessário a inconsciência por se tratar de uma religião nova, assim, algumas provas não seriam possíveis com a incorporação consciente do médium, pois o mesmo não teria coragem e nem acreditaria. Sem contar as características de manifestação das entidades, como por exemplo, incorporar uma criança ou uma pomba gira, as pessoas sentiam vergonha e ridicularizadas com essas manifestações por falta de conhecimento, preconceitos entre outras razões. Essas conseqüências poderiam levar o médium a se afastar da Umbanda, a inconsciência era necessário para ajudar os incrédulos e quebrar paradigmas e preconceitos.
Porém hoje com a evolução que a Umbanda conseguiu não existe mais a necessidades das entidades usarem do artifício da inconsciência para trabalhar com os médiuns e auxiliar a todos que procuram os terreiros de Umbanda.

Fonte: Facebook - Michele Helena Almeida no grupo Aprendiz de Umbanda



Não critique a incorporação alheia

A mediunidade é diferente para cada pessoa. Cada um sente, vibra e expressa o axé de seus guias de uma maneira única, individual, própria para cada um. Por este motivo, não é correto você criticar o seu irmão pela forma como ele recebe as suas entidades. 

Há algo estranho em um terreiro quando todos os guias se apresentam da mesma forma. Se todos os caboclos mancam do mesmo jeito, ou se todos os Exus obrigatoriamente gargalham da mesma maneira, ou se todos os pretos velhos caminham igualmente, alguma coisa não está certa. Até mesmo nos movimentos do passe encontramos largas diferenças.

É saudável que cada médium e cada entidade tenham o seu próprio jeito de trabalhar, desde que esteja dentro do fundamento e dos parâmetros do que é correto. Dentro de uma mesma árvore, nenhuma folha é igual a outra. Existem vários tipos de consciência, com as suas necessidades específicas. O que ajuda uma pessoa, muitas vezes não é tão efetivo com outra. É por isso que os consulentes podem sentir afinidade com algumas entidades, mas não com outras.

Claro que há os exageros. Mas dentro do fundamento e do bom senso, cabe a cada um manifestar aquilo que lhe é natural. É papel do Pai de Santo (dirigente espiritual), somente e exclusivamente dele, avaliar se alguém está incorporando corretamente ou não.

Mas se você realmente acredita que há algum médium mistificando, ou de alguma maneira não agindo corretamente, não espalhe isso aos quatro ventos !!! Comunique ao seu Pai de Santo suas suspeitas e a ninguém mais. Ele saberá como proceder. E se for necessário, o dirigente conversará no particular com o médium.

Quando você critica a incorporação de um médium, você interfere em seu processo de desenvolvimento. O médium iniciante apresenta, atualmente, uma enorme insegurança. É difícil para ele tomar a coragem de receber seus guias na frente dos outros, visto que teme ser julgado pelos irmãos de corrente. E quando o julgamento realmente acontece, quando descobre que foi alvo de comentários maliciosos, ele trava. Suas dificuldades aumentam em grande proporção. E não são poucos os que desistem por este motivo.

Lembre-se que você será julgado por todos os seus atos. A justiça de Xangô não falha !!!

Nenhum guia é melhor que o outro. A espiritualidade trabalha em conjunto. Não existe isso de entidade mais “forte". Não existe a forma certa de se incorporar. A espiritualidade é livre. O importante é cumprir sua missão, que é a prática da caridade. Mais importante do que a forma de trabalhar do guia, é o merecimento de cada um. É ele que determinará se você alcançará suas graças ou não.

A fofoca é um perigo dentro do terreiro e deve ser combatida. Ela é um hábito que, infelizmente, está profundamente arraigado na cultura de nossa sociedade. São muitos os grupos que giram em torno, basicamente, da maledicência. E é muito nefasta quando realizada nas casas de Umbanda. Antes de tudo, ele revela o baixo caráter de quem a pratica. E, em segundo lugar, a fofoca enfraquece a corrente. Quando a fraternidade entre os irmãos de corrente está ameaçada, abre-se brechas para atuação do astral negativo.

A espiritualidade é livre. Entenda que se você aprendeu as coisas de um jeito, não significa que todo mundo deve fazer igual. Nem todo caboclo precisa bater no peito, nem todo preto velho precisa encurvar, nem toda criança precisa pedir doce. Isto não é a essência da Umbanda. São apenas alguns trejeitos comuns, que ajudam a caracterizar algumas linhas de trabalho. 

Mas a nossa religião vai muito além disso. Não adianta querer padronizar. Do outro lado dessa longa caminhada de desenvolvimento espiritual, está Deus a nos esperar. E a Umbanda é o veículo que acelera nosso encontro com Ele.

Saravá a todos !!!

Fonte: Extraída da internet