OS ANIMAIS NO PLANO ESPIRITUAL
Postado em Editora Vivência
Uma análise sobre como ocorre o processo evolutivo e reencarnatório no
reino animal.
Por dra. Irvênia Prada
Na literatura espírita, encontramos
com bastante freqüência alusões a figuras de animais no plano espiritual. Por
exemplo, Hermínio C. Miranda, em Diálogo com as Sombras, descreve o
"dirigente das trevas" como sendo visto quase sempre montado em
animais. Brota imediatamente em nossa mente a pergunta: Qual a natureza desses
animais?
Também André Luiz refere-se, em suas
obras, a cães puxando espécies de "trenós" (livro Nosso Lar), aves de
monstruosa configuração (Obreiros da Vida Eterna), e assim por diante.
Realmente, identificar a natureza
dessas figuras de animais no plano espiritual não é tarefa fácil. Alguns casos
são de mais direto entendimento.
Assim, em A Gênese lê-se que "o
pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos dos quais tem o hábito de
se servir; um avaro manejará o ouro..., um trabalhador o seu arado e seus
bois... "
Esses bois, portanto, não são animais
propriamente ditos, mas, criações fluídicas, formas-pensamento.
Em outras situações, em que são
vistos animais ou sentido a sua presença, existe também a possibilidade de que
sejam, mesmo, perispíritos de animais ou, se quisermos assim dizer, animais
desencarnados.
Digo animais desencarnados mas,
haveria ainda a hipótese de serem também animais encarnados, em
"desdobramento" (viagem astral), estando então seu espírito e
perispírito desprendidos do corpo físico, por exemplo, durante o sono. Mas, o
espírito Alvaro esclareceu-nos, dentre muitas outras questões, que "os
animais quando encarnados possuem raros desprendimentos espirituais, isso
acontecendo apenas em casos de doenças, fase terminal da existência ou em casos
excepcionais com a atuação dos espíritos, pois geralmente permanecem fortemente
ligados à matéria". Esta possibilidade de explicação da presença de
animais no plano espiritual, de modo particular os animais desencarnados, me parece
lógica e portanto, aceitável.
O nosso prezado confrade Divaldo
Pereira Franco contou-me, certa feita, que há alguns anos, esteve em
determinada cidade brasileira, para uma conferência e, ao ser recebido na casa
que iria hospedá-lo, assustou-se com um cachorro grande, que lhe pulou no
peito.
A anfitriã percebeu-lhe a reação:
- O que foi, Divaldo?
Foi o cachorro, mas está tudo bem!
Que cachorro, Divaldo, aqui não tem
cachorro nenhum!
- Tem sim, esse pastor aí!
- Divaldo, eu tive um cão da raça
pastor alemão, mas ele morreu há um ano e meio!
E Divaldo concluiu: - era um cão
espiritual!
Segundo o meu entendimento, é
possível e até muito provável que esse cão desencarnado ainda estivesse por
ali, no ambiente doméstico que o acolheu por muitos anos, tendo sua presença
sido detectada pela mediunidade de Divaldo Franco.
Não posso deixar de referir,
novamente, a obra magnífica Os Animais tem Alma?, de Ernesto Bozzano, que
recomendo para leitura e aprendizado sobre o assunto, porque dos 130 casos
descritos, de manifestações metapsíquicas envolvendo animais, muitos estão
inseridos nesta categoria de fenômenos, ou seja, em que animais, pela atuação de
seu perispírito são vistos e ouvidos ou sentido sua presença.
Herculano Pires também comenta a
respeito de "casos impressionantes de materialização de animais, em
sessões experimentais", em seu livro Mediunidade. Vida e Comunicação, do
que se presume que esses animais se encontravam previamente na dimensão
espiritual.
Uma terceira possibilidade que vejo,
em relação à presença de figuras animais no plano espiritual é a de
perispíritos humanos se encontrarem metamorfoseados em formas animais, sem
contudo, perderem a sua condição de espíritos humanos, é claro! E o fenômeno
que se conhece com o nome de zoantropia (zôo = animal e antropos, do grego =
homen), do qual uma variedade é a licantropia (tycos, do grego = lobo).
Temos o relato de um caso de
licantropia no livro Libertação, de André Luiz. O obsessor, desencarnado,
encontra a sua "vítima", uma mulher, e conhecendo-lhe a fragilidade
sustentada por um complexo de culpa, passa a acusá-la cruelmente, e conclui
" - A sentença está lavrada por si mesma! Não passa de uma loba, de uma
loba, de uma loba... ". E assim, induzida hipnoticamente, sua própria
mente vai comandando a metamorfose de seu perispírito que, aos poucos e
gradativamente se modifica, assumindo por fim, a figura de uma loba. Diga-se de
passagem, não foi o obsessor que diretamente transformou a sua figura humana,
em loba. Foi ela mesma, ao aceitar a sugestão mental que partiu dele.
Afinidade e sintonia são o elementos
básicos para o estabelecimento do "pensamento de aceitação ou
adesão", conforme explica André Luiz em Mecanismos da Mediunidade.
E por falar em perispírito de
animais, em A Evolução Anímica, Gabriel Delanne comenta (resumidamente), que na
formação da criatura vivente, a vida não fornece como contingente senão a
matéria irritável do protoplasma e nada se lhe encontra que indique o
nascimento de um ser ou outro, de vez que a sua composição é sempre uma e única
para todos. É o perispírito, que contém o desenho prévio e que conduzirá o novo
organismo ao lugar na escala morfológica, segundo o grau de sua evolução.
A REENCARNAÇÃO
Em O Livro dos Espíritos, encontramos
a seguinte questão que Kardec coloca aos espíritos: - O que é a alma
(entenda-se humana) nos intervalos das encarnações?
R - "Espírito errante, que
aspira a um novo destino e o espera".
Nas questões que se seguem, lemos
também a expressão "estado errante".
Um dos significados da palavra
errante, no dicionário de Caldas Aulete é "nômade, sem domicílio
fixo", e de errar, é "vaguear" (errando ao acaso... ). Por sua
vez, erraticidade, o mesmo que erratibilidade, quer dizer: "caráter do que
é errático. (Espir.) Estado dos espíritos durante os intervalos de suas
encarnações".
Bem, chegando aos animais, surge a
natural curiosidade de se saber como o seu espírito se comporta na
erraticidade, se é que para eles existe erraticidade.
No Livro dos Espíritos lemos "-
A alma do animal, sobrevivendo ao corpo, fica num estado errante, como a do
homem após a morte?
R - "Fica numa espécie de
erraticidade, pois não está unida a um corpo. Mas não é um espírito errante. O
espírito errante é um ser que pensa e age por sua livre vontade; o dos animais
não tem a mesma faculdade. É a consciência de si mesmo que constitui o atributo
principal do espírito. O espírito do animal é classificado após a morte, pelos espíritos
incumbidos disso, e utilizado quase imediatamente: não dispõe de tempo para se
por em relação com outras criaturas".
Bem, vamos por partes!
Algumas pessoas entendem, a partir
desse texto, que os animais, assim que desencarnam, são prontamente reconduzidos
à reencarnação.
A expressão "utilizado quase
imediatamente" não necessariamente deve ter esse significado. O espírito
do animal pode ser prontamente "utilizado "para uma infinidade de
situações, dentre elas, inclusive, o reencarne, e então, em todas elas,
"não dispõe de tempo para se por em relação com outras criaturas".
Entendo que os animais, sendo
conduzidos por espíritos humanos, não dispõem de tempo livre, digamos assim,
para se relacionarem com outras criaturas, ou fazer o que quiserem, a seu bel-prazer
mas, sim da maneira como decidiram seus orientadores. Aliás, é o que sugere o
texto em foco "O Espírito errante é um ser que pensa e age por sua livre
vontade; o dos animais não tem a mesma faculdade".
Em O Livro dos Médiuns, Kardec trata
da possibilidade da evocação de animais e pergunta aos espíritos: "-
Pode-se evocar o Espírito de um animal?".
R: "- O princípio inteligente, que
animava um animal, fica em estado latente após a sua morte. Os espíritos
encarregados deste trabalho, imediatamente o utilizam para animar outros seres,
através das quais continuará o processo de sua elaboração. Assim, no mundo dos
espíritos, não há espíritos errantes de animais, mas somente espíritos
humanos..." Herculano Pires, tradutor da obra, faz a seguinte chamada em
rodapé: Espíritos errantes são os que aguardavam nova encarnação terrena
(humana) mesmo que já estejam bastante elevados. São errantes porque estão na
erraticidade, não se tendo fixado ainda em plano superior. Os espíritos de
animais, mesmo dos animais superiores, não tem essa condição. Ler na Revista
Espírita n° 7 de julho/ 1860, as comunicações do espírito Charlet e a crítica
de Kardec a respeito.
Apesar da colocação dos espíritos ter
sido taxativa, de que não há espíritos errantes de animais, os fatos falam ao
contrário. Se assim fosse, isto é, se não existissem animais (desencarnados) no
plano espiritual, como explicaríamos tantos relatos? Como explicaríamos a
existência dos chamados "espíritos da natureza?".
Ernesto Bozzano, em Os animais têm
alma? refere, dentre os 130 casos de fenômenos supranormais com animais,
dezenas de episódios com aparição de bichos em lugares assombrados, com
materialização e visão com identificação de fantasmas de animais mortos.
Novamente, em O Livro dos Espíritos,
lemos "Nos mundos superiores, a reencarnação é quase imediata". Se é
assim a reencarnação dos espíritos mais evoluídos, seria até de se esperar que
os espíritos de animais, sendo mais primitivos, demorassem mais tempo para
voltar à matéria. Entretanto, nada conheço de conclusivo sobre esta questão.
ASSISTÊNCIA ESPIRITUAL
Muito mais do que supomos, os animais
são assistidos em seu desencarne por espíritos zoófilos que os recebem no plano
espiritual e cuidam deles.
Notícias pela Folha Espírita (dez.
1992) nos dão conta de que Konrad Lorenz - zoólogo e sociólogo austríaco,
nascido em 1903 -, o pai da Etologia (ciência do comportamento animal, que
enfoca também aspectos do comportamento humano a ele eventualmente vinculados)
continua trabalhando, no plano espiritual, recebendo com carinho e atenção,
animais desencarnados.
Também temos informações que nos
foram transmitidas, pelo espírito Álvaro, de que há vários tipos de atendimento
para os animais desencarnados, dependendo da situação, especialmente para os
casos de morte brusca ou violenta, possibilitando melhor recuperação de seu
perispírito. Existem ainda instalações e construções adequadas para o
atendimento das diferentes necessidades, onde os animais são tratados.
Tendo sido perguntado se os animais
têm "anjo da guarda", Álvaro respondeu que sim; alguns espíritos
cuidam de grupos de animais e, à medida que eles vão evoluindo, o atendimento
vai tendendo à individualização.
Concluindo, podemos dizer que para os
animais é discutível se existe o estado errante ou de erraticidade. Eu,
particularmente, estou propensa a aceitar que esse estado existe, sim, para os
animais, se o entendermos como "o estado dos espíritos durante os
intervalos das encarnações".
Se esses intervalos são curtos ou
longos, não se sabe exatamente. Penso que existem situações das mais variadas
possíveis, face à grandeza da biodiversidade animal, devendo, portanto,
acontecer tanto reencarnes imediatos, quanto mais ou menos tardios.
Por outro lado, existe ainda, a
consideração feita de que o espírito errante pensa e age por sua livre vontade,
além de ter consciência de si mesmo, o que não aconteceria em relação aos
animais.
Mas, isso não aconteceria até mesmo
com espíritos humanos em determinadas e graves condições de alienação mental,
como é o caso dos "ovóides", a exemplo do que refere André Luiz, no
livro Libertação.
A rigor, nesta abordagem, teríamos
que condicionar o conceito de erraticidade, não apenas ao fato do espírito
(humano ou animal) estar desencarnado - vivenciando, portanto, o intervalo entre
duas encarnações - como também às suas condições mentais do momento.
Quanto ao reencarne dos animais,
perguntou-se ao espírito Álvaro se os animais estabelecem laços duradouros
entre si." - Sim, existe uma atração entre os animais, tanto naqueles que formam
grupos como naqueles que reencarnam domesticados. Procuramos colocar juntos
espíritos que já conviveram, o que facilita o aparecimento e a elaboração de
sentimentos".
E qual é a finalidade da reencarnação
para os animais? Conforme os espíritos da codificação, a finalidade é sempre a
da oportunidade de progresso.
Extraído do livro: A questão
espiritual dos animais
TODOS OS ANIMAIS MERECEM O CÉU
Este foi o título escolhido pelo
autor e veterinário Marcel Benedeti para o livro que relata a reencarnação dos
animais, a eutanásia, o sofrimento como forma de evolução desses seres, a
existência de colônias que cuidam dos animais no plano espiritual e outras
questões importantes.
A obra foi uma das premiadas no
Concurso Literário Espírita João Castardelli 2003-2004, promovido pela Fundação
Espírita André Luiz. Esse foi o primeiro livro do autor que se especializou em
homeopatia para animais e conheceu a doutrina espírita na época em que cursava
a faculdade, apesar de sua mediunidade ter se manifestado muito antes desse
período. Marcel relata que quando trabalhava em uma livraria e se preparava
para prestar vestibular, em um dia de pouco movimento, foi para a parte de
baixo da loja estudar e notou que estava sendo observado por um senhor.
Resolveu perguntar se o senhor desejava alguma coisa e ele lhe respondeu que só
estava achando interessante ele estudar, então explicou que queria passar no
vestibular de veterinária e o velhinho disse que não se preocupasse porque
passaria. Previu também outros fatos que aconteceriam.
Em seguida se despediu dizendo que se
veriam depois. Após alguns instantes comentou com seu colega de trabalho que
tinha achado aquele homem esquisito por fazer previsões do futuro. O colega
disse que não havia entrado ninguém na livraria, foi então que se deu conta de
que se tratava de um espírito. Este mais tarde é que lhe ditaria o livro.
O tema da obra fez tanto sucesso que
se transformou também em programa de rádio. Nossos irmãos animais vai ao ar
toda quarta-feira, às 13h na Rede Boa Nova. Com apresentação de Ana Gaspar,
Maria Tereza Soberanski e Marnel Benedeti.
Como o livro foi escrito?
Escrevi o livro em menos de um mês,
durante os intervalos das consultas, mas o espírito que ditou não quis se
identificar.
As cenas foram surgindo em uma tela
mental e ao mesmo tempo um espírito narrava os episódios. Outras vezes, não
havia imagem, apenas a narrativa; nesses momentos se tornava mais difícil.
Apesar de achar o livro maravilhoso, não acreditava que alguma editora pudesse
se interessar pelo assunto. Mas certo dia estava ouvindo a rádio Boa Nova
quando anunciaram o concurso literário espírita. Resolvi participar e acabei
ganhando o concurso 2003-2004 e editando o livro pela editora Mundo Maior.
O que o livro acrescentar para os
veterinários e pessoas que possuem animais?
Se as pessoas não tiverem a visão
espiritual em relação aos animais, que eles tem espírito e sentimentos vão
continuar tratando esses seres como objetos, como era há pouco tempo atrás.
Essa onda de conscientização é recente.
Entramos na questão também de comer
carne; cada um tem que perceber o que está fazendo. Eu mesmo comia carne e
parei para pensar porque comia, se meu corpo recusava, me fazia mal... Mas
quando comecei a lembrar as descrições feitas no livro a respeito do matadouro,
passei a sentir repugnância da carne.
Sendo veterinário e espírita, como
analisa a questão da eutanásia?
O ser humano tem o carma, o animal
não. O animal tem consciência, mas muito mais restrita, em relação ao ser
humano. Ele segue muito mais os seus instintos.
Então, como não tem carma, a
eutanásia deve ser o último recurso utilizado; o veterinário deve fazer todo o
possível para salvá-lo.
Se o animal estiver sofrendo muito e
não existir outra maneira, o plano espiritual não condena, porque é um aprendizado
tanto para o animal quanto para o dono que precisa tomar a decisão.
Os animais reencarnam?
Há um capítulo no livro que explica
como ocorre a reencarnação dos animais. Este descreve que cada espécie de
animal leva um tempo para reencarnar, mas por possuírem o livre-arbítrio ainda
muito restrito, uma comissão avalia as fichas dos animais e estabelece o
ambiente que deverão nascer e a espécie.
Como o conhecimento espiritual pode
ajudar o veterinário no trato com os animais?
O veterinário, em geral, por natureza,
mesmo não sabendo já é espiritualizado, pelo fato de gostar de animais e querer
salvar a vida deles. Quando o veterinário adquire consciência de que o animal
não é um objeto e sim um ser espiritual, que possui inteligência e sentimento,
muda o seu ponto de visa, passa a enxergar os fatos de uma forma mais ampla.
Com certeza se mais veterinários tivessem um conhecimento espiritual, o
tratamento em relação aos animais seria melhor.
Como é aplicada a homeopatia para
animais?
No Brasil, a homeopatia ainda é pouco
aplicada nos animais porque muitos acham que não funciona. Só utilizo a
homeopatia quando o dono do animal permite e, em casos mais graves, a
homeopatia entra como terapia complementar, porque demora um pouco mais para
trazer resultado e alguns casos são urgentes.
O uso da homeopatia é igual tanto
para pessoas quanto para animais. A única diferença é que o animal não fala,
então o dono precisa ser um bom observador para relatar a personalidade do
animal para o veterinário, e muitas vezes, não possui as informações
necessárias para um diagnóstico mais preciso.
Pergunto, por exemplo, se o animal
gosta de quente ou frio, do verão ou do inverno, a posição em que dorme, entre
outras perguntas do gênero.
Tive o caso, de um gato com câncer e
que em decorrência da doença estava com o rosto deformado. Como tratamento ele
melhorou 70%. Só não foi melhor porque esse gato saia e demorava a voltar e com
isso interrompia o tratamento.
Cuidei também de um cachorro com
problema de comportamento muito; agressivo. O animal, depois de 10 dias,
parecia outro, muito mais calmo. Utilizo também florais para animais em casos
emocionais. Se nós equilibramos emocional, o organismo ganha condições combater
as bactérias.
E os próximos livros?
Já tenho na editora outro livro em
análise que tem o título: Todos os animais são nossos irmãos. E já estou
escrevendo o terceiro. Pelas informações que recebi do plano espiritual, serão
seis livros.
Entrevista realizada por Érika
Silveira
(Extraído da Revista Cristã de
espiritismo nº 29, páginas 54-59)